Hannie Schaft, batizada como Johanna Jannetje Schaft, nasceu em 16 de dezembro de 1920. Filha de professor, na juventude decidiu ir para Amsterdã estudar direito, na mesma época em que os nazistas invadiram seu país. Schaft nunca se casou ou teve filhos, porém, sua vida estava longe de ser a de uma jovem solteira comum.
A jovem holandesa cresceu nos anos de 1930 assistindo de perto os efeitos do desemprego que arrasava seu país, tomado pela Grande Depressão. Além disso, Schaft acompanhou o medo crescente da população ante as agressões dos estados fascistas da Itália e Alemanha.
O ódio de Hannie pelos fascistas, porém, não começou nessa época. Na verdade, vinha desde sua infância. Ela chegou a escrever um texto na época da escola em que usou ironia e sarcasmo para alfinetar Mussolini, afirmando que o ditador havia levado a “civilização” para a Etiópia por meio de bombas, gás venenoso e metralhadoras.
Os heróis da jovem Schaft não eram os rapazes ou moças do cinema, eram os inimigos do fascismo. Entre eles estava Carl von Ossietzky, um alemão que odiava nazistas e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, que acabou morrendo poucos dias após ter sido solto de um campo de concentração devido aos maus tratos e torturas.
A resistência
Em maio de 1940 os alemães invadiram a Holanda e, inicialmente, não foram tão brutais como eram em outras regiões da Europa Oriental. No entanto, um ano depois, mulheres e homens holandeses começaram a manifestar indignação em face do crescente antissemitismo escancarado pelas forças alemãs e seus colaboradores holandeses.
Amsterdã, onde Hannie estudava, era a região com a maior concentração de judeus, comunistas e socialistas da Holanda. Devido aos abusos dos nazistas contra a população judia, começaram a surgir alguns grupos de resistência que atuavam como unidades de autodefesa em união com grupos de não judeus de bairros operários.
Em 1941, aos 21 anos, Hannie decidiu se juntar a uma pequena célula de resistência, a Raad van Verzet, um dos vários grupos ilegais que surgiram para resistir aos invasores e aos apoiadores do regime de Hitler. Esse também era o mais ativo e militante entre os grupos existentes.
Com Schaft, o Raad van Verzet passou a contar com três mulheres. As outras duas eram Truus e Freddie Oversteegen, com 17 e 15 anos respectivamente. Juntas, ficaram conhecidas posteriormente como “as jovens que seduziam e matavam nazistas”.
Teste de fogo
Na noite em que foi tirar a vida de seu primeiro alvo, Hannie apertou o gatilho diversas vezes, mas não conseguiu fazer a arma disparar. Mais tarde descobriu que tudo não passava de um teste por meio do qual seus companheiros queriam saber se ela teria coragem. Aprovada, começou sua carreira como assassina.
Não demorou muito para que Hannie e suas amigas, Truus e Freddie, se destacassem. Juntas criaram uma versão mais radical da resistência, com foco no assassinato de oficiais nazistas e traidores da própria Holanda.
Trágico fim
Não se sabe exatamente a quantidade de nazistas e apoiadores do regime de Hitler que Hannie Schaft e suas amigas mataram. Mas o incômodo deve ter sido grande, visto que o ditador alemão ordenou sua captura pessoalmente.
Devido a uma missão fracassada de outros membros de seu grupo, os nazistas conseguiram descobrir alguns detalhes sobre Hannie, que já era conhecida como “a garota de cabelo vermelho”. Assim, ela foi parada em seu carro e presa por oficiais nazistas que encontraram materiais contra o regime e uma arma em sua posse. Eles também desconfiaram da raiz vermelha de seu cabelo que começava a aparecer — ela havia pintado para evitar ser reconhecida.
Segundo relatos, o oficial nazista responsável pela sua execução teria errado o primeiro disparo, deixando a jovem com apenas um ferimento. Isso permitiu que ela pronunciasse suas últimas palavras: “sou um atirador melhor”.
Hannie Schaft foi executada com apenas 24 anos, no dia 17 de abril de 1945. Três semanas depois a Holanda foi libertada dos invasores nazistas.