Quinta, 25 de Abril de 2024
22°C 32°C
Plácido de Castro, AC
Publicidade

Um terço dos ataques violentos a escolas em duas décadas ocorreu nos últimos 10 meses

Desde 2002, país teve 22 episódios como o da última segunda-feira (27) em SP. Porém, frequência aumentou recentemente

29/03/2023 às 05h53 Atualizada em 29/03/2023 às 11h08
Por: Informativo Plácido Fonte: R7
Compartilhe:
Escola na zona oeste de SP foi alvo de ataque na última segunda-feira (27) | CARLA CARNIEL/REUTERS - 27.03.2023
Escola na zona oeste de SP foi alvo de ataque na última segunda-feira (27) | CARLA CARNIEL/REUTERS - 27.03.2023

O Brasil registrou 22 ataques de violência extrema em 23 escolas desde 2002, segundo levantamento da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O número, que pode não parecer tão alto, é alarmante se considerado o recorte mais recente: mais de um terço (9) desses registros ocorreu desde junho do ano passado.

Especialistas ouvidos pelo R7 jogam luz para esta escalada da violência nas instituições de ensino, e comentam que, de modo geral, casos midiáticos e de repercussão nacional tendem a influenciar potenciais autores, inclusive devido a falhas na cobertura jornalística.

Daí, portanto, se pode explicar a maior frequência desses episódios nos últimos anos.

“Isso influencia os próximos ataques. Se observarmos os ataques, são sempre parecidos com algum outro que já ocorreu, e muitas vezes baseado nesses, como no de Suzano, por exemplo”, afirma Elaine Alves, psicóloga com pós-doutorado em luto, emergências e desastres, do Instituto de Psicologia da USP.

O massacre na E. E. Raul Brasil, no município da Grande São Paulo, em março de 2019, exemplifica o argumento da psicóloga.

Os dois autores possuíam inspirações no ataque em Columbine, nos Estados Unidos, 20 anos antes, e parte dos métodos foram seguidos no caso da última segunda (27), na zona oeste de São Paulo, onde uma professora foi morta a facadas por um adolescente.

Essa corrente de influências se deve também à divulgação massiva de informações e imagens relacionadas aos autores na mídia e nas redes sociais, pontua Alves.

Por isso, o EWA (Education Writers Association), associação americana de jornalistas que cobrem educação, recomenda evitar a exposição excessiva dos nomes e fotos de autores e das cenas do ataque, a fim de evitar uma forma de atribuição de heroísmo aos agressores.

“É muito preocupante divulgar o rosto dos autores, como fizeram com o adolescente que atacou a escola em São Paulo. Viralizaram várias cenas do ataque. É o tipo de coisa que faz mal para os familiares, as pessoas da escola, não é algo bom. É um desrespeito, uma violência”, afirma a psicóloga.

Dado o cenário crescente no número de casos de ataques, a tendência é que mais eventos acontençam, lamenta Cleo Garcia, mestranda em educação na Unicamp e especialista em justiça restaurativa.

"Não sabemos quando, mas ocorrerão. Há uma conjunção de fatores que observamos que estão implicando nesse crescimento extremamente preocupante", afirma a pesquisadora, ao citar a radicalização com discursos de ódio em redes sociais e os fóruns extremistas, onde adolescentes são cooptados.

Grupos como esses, prossegue ela, proporcionam a esses adolescentes "acolhimento e reconhecimento, que eles geralmente não têm aqui fora, estimulando-os para que pratiquem  os ataques".

O chamado ‘efeito contágio’ foi destacado, inclusive, pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), ao pontuar que, entre segunda (27) e terça-feira (28), houve ao menos sete tentativas de ataque em escolas do estado.

“A suspeita é de que a ampla divulgação de imagens do ataque ocorrido na escola da Vila Sonia, em São Paulo, no qual uma professora morreu e cinco pessoas ficaram feridas, esteja motivando esses adolescentes”, escreveu a pasta, em nota.

Metade das armas usadas eram das famílias dos autores

Dos 22 ataques levantados pela Unicamp, em 12 os autores se utilizaram de armas de fogo. Destes, ao menos seis tinham a arma em casa. Outros quatro compraram por terceiros e dois eram de origem desconhecida.

O levantamento informa outros detalhes a respeito dos 22 episódios de violência.

Ao todo, foram 36 vítimas fatais, que se dividem entre 24 estudantes, cinco professoras, duas profissionais de educação e cinco autores, que cometeram suicídio.

Entre os autores, 16 eram alunos e 12, ex-alunos. Em três casos eles agiram em duplas. O mais velho tinha 25 anos e o mais novo, dez.

Perfil predominante é jovem, branco e misógino

A pesquisa revela, ainda, um perfil dos autores dos ataques. Eles são predominantemente brancos, jovens e homens com comportamentos misóginos, ou seja, machistas, agressivos e favoráveis a uma visão da mulher enquanto submissa.

Outros traços marcantes de suas personalidades são o gosto pela violência e culto às armas, bem como uma espécie de isolamento social, com relações sociais e grupos restritos. A evasão escolar também se repetiu entre os agressores avaliados.

 

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Plácido de Castro, AC
23°
Parcialmente nublado

Mín. 22° Máx. 32°

24° Sensação
0.55km/h Vento
98% Umidade
100% (4.95mm) Chance de chuva
07h32 Nascer do sol
07h20 Pôr do sol
Sex 30° 22°
Sáb 33° 22°
Dom 32° 22°
Seg 33° 23°
Ter 33° 23°
Atualizado às 22h13
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,15 -0,01%
Euro
R$ 5,51 -0,01%
Peso Argentino
R$ 0,01 -0,07%
Bitcoin
R$ 349,698,37 -0,03%
Ibovespa
124,740,69 pts -0.33%
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade