A ideia de uma harmonia do Universo, baseada na filosofia de Pitágoras, na Grécia, ou na cultura milenar do taoísmo, na China, acabou inspirando alguns cientistas do passado, que pesquisavam leis universais que pudessem reger o funcionamento do mundo natural. Ao poder colocar hoje um telescópio no céu, a 1,5 milhão de quilômetros, sabemos que basta uma estrela passar perto de um buraco negro para ela sair da sua órbita.
Essa ideia de uma estrela desgarrada levou um grupo de pesquisadores a elaborar um estudo fascinante, porém assustador, sobre as possíveis consequências de uma aproximação excessiva entre um desses monstrengos massivos de gás extremamente quente com a Terra. No artigo, publicado recentemente na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, são simuladas dinâmicas de encontros de até 100 UAs de planetas com estrelas.
Se somos atualmente um planetinha com apenas três milionésimos da massa do Sol e de sua gravidade, imagine se, durante esse um bilhão de anos que faltam para nossa estrela se transformar em uma gigante vermelha, uma outra, ainda que menos massiva, cruzar o nosso caminho. É uma chance improvável, mas não impossível.
Embora as simulações computacionais sobre encontros estelares dentro de 100 UAs apontem "uma probabilidade maior ou igual a 95% de que nenhum planeta se perca", os pesquisadores projetaram alguns encontros catastróficos. Confira:
No caso específico da Terra, além do risco pequeno (0,48%) de colidir com outro planeta, há uma variedade de cenários igualmente sinistros. As opções vão desde um impacto da Lua em nosso planeta e sermos capturados pela estrela errante, e até mesmo a chance democrática de todos os planetas do Sistema Solar e suas luas serem completamente aniquilados.
Em uma simulação, a Terra se torna um planeta errante e vai parar na chamada a Nuvem de Oort, um nascedouro de cometas na fronteira mais distante do Sistema Solar, entre 50 mil a 200 mil Unidades Astronômicas (UAs) do Sol, Cada UA mede 150 milhões de quilômetros. Nesse destino, é possível que sobrevivêssemos por um milhão de anos, até nossa superfície congelar completamente.
Finalmente, há um cenário curioso: o sequestro da Terra pela estrela. Nessa simulação, todos os planetas são destruídos, exceto Júpiter, enquanto abandonamos a órbita solar e meio que "fugimos" com a estrela errante. Mas será que o planeta permaneceria habitável no caso de uma transição de órbita para outra estrela? Calma, dizem os autores, “há grandes probabilidades de que a situação atual do nosso Sistema Solar não mude”.