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Saxon repete fórmula que pode condenar à obsolescência em “Hell, Fire and Damnation”
Ainda que apresente qualidades inegáveis, é possível conjecturar que novo disco dos britânicos talvez não se perpetue na memória coletiva
16/02/2024 11h36
Por: Informativo Plácido Fonte: Igor Miranda
Foto: Lea Stephan

“Quem ouviu um disco, ouviu todos”. Essa afirmação é frequentemente proferida por críticos de bandas como AC/DC, Ramones e outras cuja fórmula musical consiste nos mesmos ingredientes, muitas vezes nas mesmas proporções.

Se considerarmos os últimos vinte anos como um recorte temporal, essa máxima também se aplica ao Saxon, que tem produzido em uma escala quase industrial e, para o bem ou para o mal, em modo automático.

É claro que esse apego à fórmula tem seu lado positivo. Ao entregar exatamente o que os fãs, especialmente os da velha guarda, esperam, a fidelidade é mantida. No entanto, a falta de elementos inovadores significa que, por melhor que seja o material, ele está condenado ao esquecimento após a euforia inicial.

Em outras palavras, é apenas uma questão de tempo — e pouco tempo — até que ninguém mais se lembre ou comente sobre o recém-lançado “Hell, Fire and Damnation”. Da mesma forma, a expectativa de vida das músicas no repertório dos shows provavelmente se limitará à próxima turnê de divulgação do álbum.

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Isso não era para ser assim; afinal, o Saxon agora conta com Brian Tatler, uma lenda da New Wave of British Heavy Metal por si só, na segunda guitarra. No entanto, o input do líder do Diamond Head, se é que houve, nas composições passa despercebido.

Afinal, com ou sem ele a bordo, o grupo se encarregaria de alternar o ímpeto agressivo de faixas como “Fire and Steel” e “Super Charger” — nas quais Nigel Glockler demonstra por que é um dos melhores bateristas em atividade no metal — às cadências de “Pirates of the Airwaves” e “Witches of Salem”; esta última, com um curioso tempero blueseiro.

E se a faixa-título se perde na própria pretensão de grandiosidade, números mais diretos ao ponto, como “Madame Guillotine” (com um excelente refrão) e a saudação aos ETs “There’s Something in Roswell”, provam que mesmo os mais premiados chefs precisam ser capazes de preparar um bom feijão com arroz.

*Ouça “Hell, Fire and Damnation” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

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Saxon — “Hell, Fire and Damnation”

  1. The Prophecy
  2. Hell, Fire And Damnation
  3. Madame Guillotine
  4. Fire And Steel
  5. There’s Something In Roswell
  6. Kubla Khan And The Merchant Of Venice
  7. Pirates Of The Airwaves
  8. 1066
  9. Witches Of Salem
  10. Super Charger