As "5 linguagens do amor", que aparecem na obra de Gary Chapman, de 1992, categorizam as diferentes formas como as pessoas se relacionam e expressam seus sentimentos. São elas: atos de serviço, toque físico, palavras de afirmação, tempo de qualidade e presentes.
Mesmo com a grande popularização da obra ocorrida nos últimos anos, ainda hoje se trata de uma temática recorrente no dia a dia, inclusive nas redes sociais. Isso tanto dentre aqueles que reforçam a aplicação do proposto; quanto entre os que debatem e até mesmo criticam.
Por abarcar um aspecto tão complexo da vida humana, as principais críticas partem da constatação que 5 linguagens do amor são pouco demais para encher o "tanque de amor" de alguém. Bom, a verdade é que tentativas para ampliar e explorar ao máximo esse leque de linguagens não faltaram. Não é à toa que elas foram transportadas para diversos contextos, incluindo o corporativo.
Quem valoriza ajuda na hora das tarefas domésticas pode sinalizar que os atos de serviço são primordiais para o bom andamento de um relacionamento. Da mesma forma, quem aprecia abraços, pode elevar o toque físico como a sua principal forma de expressar afeto. Mas há quem aponte que Gary Chapman foi simplista demais em sua teoria.
Isso porque o autor estipula que todas as pessoas possuem duas linguagens — uma principal e outra secundária. Mas ainda que essa hipótese seja real, elas realmente seriam o suficiente?
Essa inflexibilidade denunciada nas críticas busca ressaltar um fato óbvio: relacionamentos passam por diferentes fases. E assim como na vida, os pesos das intenções e dos gestos mudam conforme o momento, afinal, as relações humanas são complexas.
Inclusive, alguns dos debates vão além: a relação estará realmente fadada ao fracasso quando cada um dos parceiros tiver uma linguagem do amor diferente do outro? Pode ser difícil encontrar respostas para as perguntas que surgem, mas ainda assim, houve quem colocasse a teoria à prova.
Nesse sentido, um estudo publicado na revista Plos One em 2022 confirma o que já sentimos: de fato, as pessoas expressam afeto de formas diferentes. O tempo de qualidade aparece como o mais valorizado dentre os 100 casais avaliados, que tinham 31 nacionalidades diferentes e estavam juntos há pelo menos seis meses.
Curiosamente, a maioria deles se expressava por meio de toques físicos. Além disso, a incompatibilidade de 3 linguagens (toque físico, palavras de afirmação e tempo de qualidade) pesou no nível de contentamento com o relacionamento e a vida sexual. Mas vamos ao que realmente interessa: apesar do estudo não ter levado em consideração a existência de uma linguagem do amor dominante sobre as outras, a conclusão se alinha com a teoria de Chapman.
Foi constatado que fazer uso de uma linguagem do amor que agrade e corresponda a do parceiro aumenta o nível de satisfação dentro do relacionamento. Isso foi percebido quando em comparação com aqueles que satisfaziam as necessidades do seu parceiro numa escala menor.
Talvez não seja necessário descartar toda a teoria, afinal, é preciso sempre ter em mente que cada pessoa valoriza aspectos diferentes e se expressa de formas particulares, baseadas em suas experiências e formas de ver o mundo. E essa abordagem de "linguagens do amor contínuas" considerada no estudo (sem uma que seja dominante) pode oferecer um olhar diferente para a questão.
Mas na dúvida de como agir, o melhor é fazer o mais simples, e que, ao mesmo tempo, pode ser o mais difícil: perguntar. Ou seja, por mais que as linguagens do amor eventualmente sejam válidas, elas não dispensam que a maior parte do trabalho de um relacionamento seja feita por nós mesmos no dia a dia: é preciso aprender a falar no mesmo idioma de quem amamos.