Acre Amélia Cristina
Morre 3ª vítima de queda de avião no Acre após mais de 2 meses internada: 'Piorou nos últimos dias', diz pai
Biomédica Amélia Cristina Rocha, de 28 anos, morreu na tarde dessa sexta-feira (24) no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) de Manaus. Avião caiu em Manoel Urbano no dia 18 de março com sete pessoas.
26/05/2024 09h25
Por: Informativo Plácido Fonte: G1/Ac
Amélia Cristina morreu em Manaus após mais de dois meses internada em decorrência da queda de avião no AC — Foto: Arquivo pessoal

Após mais de dois meses internada, a biomédica Amélia Cristina Rocha, de 28 anos, passageira do avião que caiu em Manoel Urbano, interior do Acre, em março deste ano, morreu na tarde dessa sexta-feira (24) em Manaus (AM). A vítima estava internada desde 21 de março no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, na capital amazonense, quando foi transferida pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) em um voo particular.

Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave que caiu após decolar, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres. Eles seguiam para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante peruano, morreu no acidente. Nove dias depois, Suanne Camelo morreu em Manaus (AM).

Amélia foi a primeira paciente transferida para unidade especializada do Amazonas. Ela foi extubada no dia 25 de março, mas continuou na UTI, seguindo com o tratamento.

"Foi a vontade de Deus. O corpo dela vem pra cá, estamos vendo onde vai ser velado. Deve ser no Cemitério São João Batista. Estamos esperando o posicionamento do TFD", contou ao g1 o pai da jovem, Manoel da Rocha Neto.

Aeronave ficou destruída após queda em área de mata em Manoel Urbano — Foto: Arquivo pessoal

Piora médica

Ainda segundo o pai, Amélia contraiu pneumonia e também adquiriu uma infecção no hospital. Contudo, ela já estava sentando e fazendo fisioterapia. "Estava animada, mas nos últimos dois dias o quadro se agravou, não sei por que, teve a infecção e a pneumonia", lamentou.

Amélia era acompanhada pela mãe, o irmão e o marido, o dentista Bruno Fernando dos Santos, de 36 anos, que também estava na aeronave. Bruno não precisou ser transferido para o estado vizinho, se recuperou dos ferimentos no pronto-socorro de Rio Branco e recebeu alta no dia 25 de março.

No último dia 10 deste mês, o g1 conversou com o pai de Amélia e ele havia contado que a jovem tinha sido extubada novamente e estava no leito se recuperando bem.

Bruno Fernando e Amélia Cristina estavam no avião que caiu em Manoel Urbano, no dia 18 de março — Foto: Arquivo pessoal

'Com medo'

Pouco antes de embarcar no avião, Amélia chegou a dizer para uma amiga que estava com medo da viagem. Amiga de Amélia e de Bruno, a operadora de áudio Roberta Maria contou ao g1 sobre a conversa que teve com a vítima.

"Antes dela decolar, me mandou uma mensagem falando que já tava em Manoel Urbano e se preparava para decolar. Aí eu perguntei se ela tava bem, ela disse que tava com um pouco de medo", conta Roberta, que tentou acalmar a amiga.

Amélia mandou mensagem à amiga dizendo que estava com medo — Foto: Arquivo pessoal

Veja quem são os sobreviventes:

Investigações

O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, sete passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo. O avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.

As investigações continuam em busca de respostas que levem às causas do acidente aéreo. A apuração é feita pela Polícia Civil de Manoel Urbano e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

No site do Cenipa, é possível encontrar que as possíveis causas do acidente seja falha ou mau funcionamento do motor.

À Rede Amazônica Acre, os representantes do centro informaram que as investigações sobre o acidente estão em andamento e que os dados constantes no painel do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer) 'tem por finalidade apresentar o status atual do tratamento da notificação. Seu teor ainda pode ser alterado e não vincula obrigatoriamente as conclusões que serão publicadas no relatório final de investigação'.

As investigações da Polícia Civil são conduzidas pela delegada Jade Dene. Ela ouviu os sobreviventes que já receberam alta médica, como a adolescente Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, o dentista Bruno Fernando dos Santos, marido de Amélia, Mateus Jeferson Fontes e algumas testemunhas.

A delegada aguarda ainda a conclusão da perícia para avançar nas investigações.

Qual era a situação do avião?

O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado com o prefixo 'PT-JUN' tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.

O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Desse modo, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.

Avião caiu em Manoel Urbano em 18 de março — Foto: Arte g1