A ideia da existência de Deus está presente em várias sociedades ocidentais e orientais, suscitando diferentes visões de acordo com as religiões. As religiões monoteístas, especificamente, baseiam-se na concepção de um Deus todo-poderoso que foi capaz de criar tudo que existe.
O livro do Gênesis, na Bíblia, começa com a famosa frase: "no princípio Deus criou os céus e a terra". Ao fim do sétimo dia, Deus teria enfim descansado. Mas essa imagem levanta uma dúvida: se Deus existia antes mesmo da criação do mundo, o que Ele estava fazendo? Veja a seguir o que as teorias religiosas do judaísmo e do próprio cristianismo sugerem como resposta para isso.
Dentro do judaísmo, a explicação mais consistente para essa dúvida vem da Cabala ou Kabbala, que é um sistema filosófico-religioso judaico de origem medieval, mas que integra elementos que remontam ao início da era cristã.
De acordo com essa tradição, originalmente provinda da cultura oral, antes da criação do mundo, Deus realizou "tzimtzum", termo que indica a condensação de Si mesmo em um ponto infinitamente denso e poderoso, que em seguida explodiu para criar espaço para o universo ser criado. O conceito, portanto, é paralelo à teoria do Big Bang.
Para a Cabala, o espaço e o tempo não existem da mesma forma que o experimentamos. Deus então existiria como uma força infinita, o "Ein Sof", que significa "sem fim". Por conta disso, alguns aspectos sobre Deus seriam incompreensíveis aos humanos, e é por isso que os adeptos da Cabala não o chamam de "ele", mas de "isso".
Os cristãos também entendem Deus como uma presença ou consciência infinita. Certos teólogos já afirmaram que há uma parte no Novo Testamento que pode oferecer algumas pistas de como Ele seria ou onde estaria antes da criação do mundo.
Isso ocorre em João 17:24, quando Jesus fala ao seu Pai sobre os crentes cristãos, dizendo: "Pai, desejo que onde eu estiver, estejam comigo também aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo". Assim, antes de fazer a sua grande criação, Deus estaria envolvido justamente no amor ao Deus Filho (Jesus), que é uma das partes da Santíssima Trindade: o Pai (Deus), o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo.
Como os três são indistintos, a separação e o retorno de Jesus ao seu Pai na morte teriam sido necessários para que os cristãos pudessem novamente experimentar o espírito do amor a Deus, contemplando assim a perfeição de sua criação. Embora não haja muitas respostas sobre os locais que Deus frequentava, é uma pista possível.