Após cinco dias internado, o ex-governador do Acre Romildo Magalhães morreu na madrugada deste domingo (14) aos 78 anos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Juliana, em Rio Branco. A notícia foi confirmada ao g1 pela família.
Romildo Magalhães estava em estado crítico desde que deu entrada na UTI no dia 5 de julho por complicações da diabetes. Em coma, o ex-governador respondia a alguns estímulos, porém, teve uma piora súbita em seu quadro de saúde.
A causa exata da internação não havia sido divulgada pela família, mas o ex-governador sofria há anos com complicações relacionadas ao diabetes, motivo de internações anteriores.
O velório de Romildo Magalhães ocorre no Palácio Rio Branco a partir das 9h deste domingo (14) e o sepultamento vai ocorrer no Cemitério São João Batista às 16h30.
O governo do Acre divulgou uma nota de pesar, assinada pelo governador Gladson Cameli, e decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-gestor. Confira nota na íntegra abaixo.
Segundo o comunicado, Romildo Magalhães 'deixa uma história de forte influência na política acreana dos últimos 40 anos, que serão levados para toda a vida por seus irmãos, filhos e netos e sua esposa Rosinha Magalhães'.
A nota destaca também que o ex-gestor teve a vida pautada 'pela simplicidade, cuidado e amor ao próximo'.
"Que Deus possa fortalecer os corações de seus familiares e amigos diante de tamanha dor e tristeza, dando-lhes a certeza de que ela agora habita em plenitude de alegria nos braços de Deus".
Ex-governador assumiu após morte de titular e teve filho assassinado
Nascido no dia 9 de abril de 1946, Romildo Magalhães estudou só até a quarta série do ensino fundamental. Ainda assim, ocupou diversos cargos públicos. Em sua cidade natal, Feijó, foi vereador por três mandatos e prefeito por duas vezes. Foi ainda deputado.
Em 1990 se elegeu vice-governador pelo extinto Partido Progressista Reformador (PPR) em uma chapa encabeçada por Edmundo Pinto.
Pinto viria a ser assassinado a tiros no dia 17 de maio de 1992 após três homens invadirem a suíte que ele estava hospedado no Hotel Della Volpe Garden, na Rua Frei Caneca, em São Paulo. O crime na época levantou suspeitas de ter sido "queima de arquivo", já que o governador deveria depor em um caso de suspeita de corrupção. A investigação, entretanto, concluiu que havia sido latrocínio.
Romildo Magalhães assumiu o cargo após assassinato do antecessor — Foto: Arquivo pessoal
Com a morte dele, Romildo Magalhães se tornou, então, governador e exerceu o cargo entre 1992 e 1994.
Magalhães teve ainda um filho assassinado logo que deixou o governo. Romildo Magalhães Júnior foi morto a tiros aos 17 anos durante uma tentativa de assalto ao haras da família na Estrada Transcreana. O crime ocorreu na noite de 17 de julho de 1995.
Um dos suspeitos do crime, conhecido como Hélio Pinguim, teria sido executado algum tempo depois. A suspeita na época é que o executor da morte tivesse sido o filho mais velho de Romildo, Shelton Magalhães.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) chegou a investigar ainda uma possível conexão entre o ex-governador e o esquadrão da morte comandando pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal, autor do crime da motosserra e outros assassinatos no Acre durante a década de 90. Os casos, entretanto, não foram levados adiante.
Nos anos seguintes, o ex-governador se afastou do cenário político salvo aparições pontuais.
Em 2000, o Ministério Público do Acre ajuizou uma ação contra ele e Pascoal e após vários recursos a Justiça condenou os dois, em 2009, por improbidade administrativa.
Segundo a Justiça, na época, Magalhães, ao assumir a direção do estado promoveu o então tenente-coronel Hildebrando Pascoal a patente de coronel. Logo após a promoção, Pascoal foi transferido para a reserva remunerada.
Em 2019, a Justiça do Acre determinou que eles devolvessem quase R$ 2 milhões aos cofres públicos, após serem condenados por enriquecimento ilícito. Além disso, foram cancelados os decretos governamentais assinados por Magalhães. O ex-governador deveria devolver R$ 806.696,73 mil, mais multa e suspensão dos direitos civis por oito anos.
Nos últimos anos o ex-governador ficou com a saúde cada vez mais fragilizada pela diabetes, tendo sido internado na UTI no final de 2023 e tendo amputado uma das pernas.
Nota na íntegra do governo:
O governo do Estado do Acre manifesta seu mais profundo pesar e condolências aos familiares e amigos e decreta luto oficial de três dias pelo falecimento do ex-governador Romildo Magalhães da Silva, ocorrido na madrugada deste domingo, 14.
O velório acontecerá no Palácio Rio Branco, a partir das 10h deste domingo.
Romildo faleceu em decorrência de complicações de diabetes e deixa uma história de forte influência na política acreana dos últimos 40 anos, que serão levados para toda a vida por seus irmãos, filhos e netos e sua esposa Rosinha Magalhães.
Natural de Feijó, Romildo iniciou sua carreira política como prefeito da cidade, onde atuou por dois mandatos, e depois tornou-se deputado estadual, vice-governador e governador do Estado, pautando sua vida pela simplicidade, cuidado e amor ao próximo.
Que Deus possa fortalecer os corações de seus familiares e amigos diante de tamanha dor e tristeza, dando-lhes a certeza de que ela agora habita em plenitude de alegria nos braços de Deus.
Gladson de Lima Cameli
Governador do Estado do Acre