Os cristãos costumam compartilhar entre si algumas concepções provindas da Bíblia. Entre elas, está a ideia do Purgatório, que seria um local, um estado ou um processo de purificação temporária que as almas passam depois de morrerem, enquanto são preparadas para subir ao reino dos céus.
Há várias percepções oriundas de textos diversos, como a obra "Catecismo da Igreja Católica", na qual se lê sobre os princípios estipulados aos seguidores dessa religião. Contudo, há diferentes definições espirituais possíveis ao Purgatório.
Em teoria, o Purgatório é uma espécie de lugar (o que pode ser encarado também de maneira metafórica). De acordo com os escritos deixados pelo apóstolo Paulo, há algumas pistas que indicariam o que ocorre por lá e quem vai parar nesse estado.
Em Coríntios, o apóstolo fala de pessoas que “construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira)”. Logo em seguida, ele apresenta a ideia do juízo de Deus com a imagem do fogo que surge para provar as obras deixadas por cada um em sua vida. Se a obra resistir, seu autor “recebe uma recompensa”.
Mas, caso isso não aconteça, ele “sofre detrimento”, entendido como uma pena, mas que não é a condenação final. A alma sobreviverá depois de passar por certos sofrimentos. Ou seja, a pessoa que cometeu certos pecados em vida deve passar pelo Purgatório antes de finalmente subir para o céu.
Segundo o "Catecismo da Igreja Católica", os pecados mortais (como o assassinato) são mais graves que os chamados pecados veniais (como a inveja ou o ato de deixar de orar). O pecado cometido impacta diretamente no castigo que a pessoa recebe no Purgatório.
Ao longo da história, várias pessoas relataram ter experimentado algum contato com o Purgatório. É claro que é preciso ter fé para assegurar alguma idoneidade a esses relatos. Mas, mesmo que não se acredite, eles são fascinantes por si só.
Em 1873, uma freira disse ter entrado em contato com uma alma no Purgatório, que era outra freira que vivem em seu convento. A alma teria dito que há vários estágios no Purgatório. O mais baixo seria como um inferno temporário, e estaria reservado às almas que cometeram os piores crimes.
Logo acima, estariam as almas que eram indiferentes a Deus (ou seja, os ateus e agnósticos). Em seguida, vêm os que possuem "pecados veniais não totalmente expiados" ou pecados mortais que foram "perdoados, mas pelos quais não deram inteira satisfação à Justiça Divina".
A mais famosa imagem do Purgatório está nas obras do poeta italiano Dante Alighieri, publicado como A Divina Comédia. Quando o trabalho de Alighieri foi concluído, por volta de 1308 a 1321, a ideia do Purgatório já estava consagrada na doutrina da Igreja Católica.
Segundo o famoso poeta, o Purgatório seria um espaço intermediário entre o paraíso e o inferno, e que se encontra na porção austral do planeta. Ele seria composto por uma montanha com círculos ascendentes que são reservados aos que cometeram pecados e estão no processo de expiação. De lá, as almas assistem às punições sofridas por aqueles que não se arrependeram e acabaram descendo para o inferno.