Meio Ambiente Hora de usar máscara
Fumaça de queimadas causa danos ao pulmão e aumenta risco de infarto, alerta cardiologista
Aviso foi dado por médico cardiologista Odilson Silvestre durante entrevista ao Jornal do Acre, nesta terça-feira (3).
04/09/2024 10h51 Atualizada há 2 semanas
Por: Informativo Plácido Fonte: G1/Ac
Fumaça encobre céu de Rio Branco nesta terça-feira (3) — Foto: Arquivo/Secom-AC

Os níveis da qualidade do ar no Acre atingiram um nível 'perigoso' nesta segunda-feira (2), com probabilidade de afetar toda a população em 24h de exposição. Em entrevista ao JAC 1, desta terça-feira (3), o cardiologista Odilson Silvestre, explicou que esse nível de poluição pode causar danos ao pulmão causando crises em quem já tem doenças crônicas, infarto e até a morte. (Assista a entrevista clicando aqui)

Índices acima de 250 µg/m3 são classificados como alerta para emergência em saúde. Na manhã desta terça, a qualidade do ar ultrapassou os 700 µg/m3 na capital do Acre. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera aceitável 15 µg/m3.

O médico alertou sobre a fuligem que cobre o céu da capital. Ele frisa que a população ao respirar esse ar, não tem nenhuma filtragem importante externa, e esse ar, com todo o conteúdo de fuligem, carbono negro e alguns gases, vai direto para os pulmões causando danos ao organismo.

"Então vamos imaginar, o nosso pulmão: ele tem contato direto com o ar, então o que se espera é um ar limpo. Como esse ar tem material particulado, causa ali inflamação porque é um material que ele é alérgeno, então causa toda uma reação do nosso corpo. Inflama, causa inchaço e às vezes um pouco de acúmulo de água ali, que é justamente o inchaço", afirma.

O material tóxico causa ainda danos ao sistema cardíaco, segundo Silvestre. "Na circulação a pressão sobe, às vezes o coração até acelera também e podem advir disso alguns eventos, até morte, infarto e crises em doenças que já são crônicas, inclusive".

Com a baixa qualidade no ar, algumas pessoas podem sentir ainda diversos sintomas como: náuseas, dor de cabeça, falta de ar. Os grupos de risco, são os que mais sofrem desconforto nesse momento.

"Vale a pena a gente frisar, crianças em especial até os cinco anos, onde o sistema imunológico não está pronto e ele reage de formas acerbadas a essa exposição à fumaça, mas podemos estender até crianças até 10 anos, idosos com mais de 80 anos, pessoas que já têm asma, enfisema, bronquite, essas pessoas sem dúvida devem evitar exposição à fumaça, isso quer dizer ficar em casa, se sair de preferência usar uma boa máscara", aponta Silvestre.

Orientações

Para quem faz exercícios físicos, a instrução do cardiologista é para que sejam feitos em locais fechados. Ele aconselha evitar atividades ao ar livre para não inalar fumaça durante a atividade, já que é um risco a mais à saúde.

"É perigoso. Sem nenhuma dúvida, a pessoa está correndo um risco que ela poderia evitar. Então tentar fazer em academias, ambientes fechados, com ar filtrado. Mas se for feita essa escolha, realmente tem um risco e às vezes as pessoas vão justamente bem de manhã ou no final do dia, que talvez é o horário, quando nós temos acompanhado que é o horário que a poluição está em níveis mais altos do que durante o meio do dia", comenta ele.

Médico dá orientações para a população de Rio Branco neste momento de fumaça — Foto: Rede Amazônica

Sinais de alerta

Em relação aos sinais de alerta, o médico disse que quem já tem doenças preexistentes geralmente são os que apresentam pioras nos quadros e devem procurar ajuda médica.

"Se você saiu, teve uma exposição ou mesmo em casa, porque a fumaça de algum jeito vai entrar, mesmo que em menor quantidade, se piorou a falta de ar, esse é um sinal que a doença piorou. Para quem tem doença cardíaca, se tiver dor no peito, então talvez precise procurar ajuda hospitalar", explica.