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O significado de “cercas embandeiradas que separam quintais” em “Ouro de Tolo” de Raul Seixas
Lançada em 1973, no álbum “Krig-ha, Bandolo!”, a canção se destaca pela crueza com que Raul expõe o mal-estar da classe média brasileira da época.
12/11/2024 16h57
Por: Informativo Plácido Fonte: Whiplash
Foto: Reprodução

Raul Seixas, em seu clássico "Ouro de Tolo", utiliza uma mistura de sarcasmo, crítica social e misticismo para criar uma das canções mais marcantes da música popular brasileira. O trecho "longe das cercas embandeiradas que separam quintais" merece uma análise mais profunda, pois ele reflete tanto o protesto contra as normas sociais quanto a busca por algo além da existência material, uma temática recorrente na obra de Raulzito.

Lançada em 1973, no álbum "Krig-ha, Bandolo!", a canção se destaca pela crueza com que Raul expõe o mal-estar da classe média brasileira da época. Em meio a um regime militar que pregava o "milagre econômico", Raul denuncia a superficialidade das conquistas materiais e questiona a ideia de felicidade imposta pela sociedade. É nesse contexto que surge a metáfora das "cercas embandeiradas", que, à primeira vista, descreve a divisão física entre quintais vizinhos, mas que carrega significados mais profundos.

Ao falar sobre as cercas embandeiradas, Raul se refere à demarcação de propriedades. Como explica um artigo do site Letras.mus, "para ele, não faz sentido nos preocuparmos com essas barreiras e nos dividirmos por elas; ele acredita que deveríamos nos unir e nos preocupar com algo maior, algo que está além de tudo isso". Essa visão se desdobra em uma crítica à vida suburbana e burguesa, onde as posses materiais e a conformidade social tornam-se sinônimo de sucesso.

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Conforme analisa o site Sr. Personna, "o eu-lírico nega a posição do dia de domingo, de ser mero espectador de sua vida conquistada, de suas próprias pequenas e burguesas realizações". O "apartamento" mencionado na letra é uma referência à vida genérica e sem sonhos da classe média, que dorme "em seus sofás de boca aberta sem mais expectativas". A música, portanto, não só critica esse estilo de vida, mas também aponta para o desejo de transcender essas limitações.

No final da canção, o eu-lírico se afasta do materialismo e fala de um lugar que está além das cercas, onde a realidade se mistura com a fantasia. A inserção poética dos versos "Porque longe das cercas embandeiradas / que separam quintais / No cume calmo do meu olho que vê / Assenta a sombra sonora de um disco voador" é destacada no site Bonas Histórias, que afirma que "essas palavras podem não dizer muitas coisas lógicas… mas são belíssimas. Isso é inegável".