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Ministra do TSE defende mais representatividade feminina no espaço político para evitar violência contra a mulher
Campanha "21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres" começa nesta quarta-feira
19/11/2024 15h38
Por: Redação Fonte: Agência Câmara

A ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral Vera Lúcia Santana Araújo defendeu nesta terça-feira (19) novas normas para garantir representatividade das mulheres no Legislativo compatível com a representatividade na população brasileira, de mais de 51%.

Ela participou de debate na Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher do Congresso Nacional sobre as ações da campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, que começa nesta quarta-feira (20).

A ministra lamenta que as regras já criadas pelo Congresso Nacional não sejam cumpridas pelos próprios partidos políticos, com fraudes, por exemplo, na cota de 30% de candidaturas de mulheres e à destinação obrigatória de no mínimo 30% dos recursos públicos para a campanha eleitoral de candidatas.

“Essas leis não são cumpridas mesmo pelos partidos que aqui as elaboram, o que causa uma estranheza, para dizer o mínimo”, apontou. “Se os partidos que compõem o Congresso elaboram essas normas, como eles não cumprem as normas que eles mesmo elaboram?”, questionou.

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Medidas insuficientes
Na avaliação da ministra, com mais mulheres nos espaços políticos, em todos os poderes, outras políticas de enfrentamento à violência de gênero serão formuladas. “Todas as medidas já implementadas não se mostram suficientes”, alertou.

Segundo ela, para enfrentar os números ainda alarmantes de violência contra a mulher de forma eficaz, não basta, por exemplo, a aprovação de penas privativas de liberdade cada vez maiores. “Esse mecanismo já vem se mostrando pouco efetivo”, salientou.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Senadora Damares Alves sugeriu que as próprias mulheres administrassem fundo partidário destinado a candidaturas femininas

Partidos políticos
“Não adianta ter a melhor lei, se ela não for executada da forma como deveria ser”, reiterou a senadora Augusta Brito (PT-CE). “Quando a gente garante participação maior da mulher na política, estamos garantindo vidas”, acrescentou.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) observou que as mulheres candidatas têm dificuldade de ter acesso aos recursos garantidos a elas. “Eu não tenho acesso a meu dinheiro, que é do fundo de mulher. Para a gente gastar, eu tenho que pedir ao tesoureiro do partido, para que ele me autorize a gastar. Eu sei a necessidade do movimento de mulher dentro do partido”, disse. “Será que não tá na hora da gente rever para que o fundo partidário destinado à mulher tem que ser de fato administrado pela mulher?”, questionou.

Casa da Mulher Brasileira
Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Ministério das Mulheres, Denise Mota Dau falou sobre o Painel de Monitoramento da Casa da Mulher Brasileira , que traz dados como o valor investido em cada unidade e a previsão para a próxima fase de execução, que serão atualizados a cada mês.

“Há dez Casas da Mulher Brasileira funcionando, seis atualmente em obras, uma em projeto de licitação, quatro em fase de projeto executivo até a aprovação pela Caixa e 17 casas da mulher brasileira já com termo assinado com o Ministério da Justiça e Segurança Pública”, informou.

Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Denise Mota Dau: Casa da Mulher Brasileira visa proporcionar atendimento multidisciplinar e humanizado às vítimas de violência

O governo federal investiu R$ 296 milhões para a construção de Casas da Mulher Brasileira desde 2023. Os recursos são oriundos do Ministério das Mulheres e do Fundo Nacional de Segurança Pública, gerido pelo Ministério da Justiça. O valor representa 65% do total de recursos destinados ao programa desde quando foi lançado, em 2013. Outros R$ 10 milhões foram investidos desde janeiro de 2023 em editais de equipagem e compra de veículos para esses espaços.

A Casa da Mulher Brasileira visa proporcionar atendimento multidisciplinar e humanizado às mulheres, integrando, no mesmo espaço, diversos serviços especializados para atender mulheres em situação de violência, como apoio psicossocial; delegacia; Juizado; Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; e cuidado das crianças.

CBF
A representante do Ministério das Mulheres informou também que a ministra Cida Gonçalves celebra nesta terça-feira (19) parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para assinatura da Carta-Compromisso pelo Feminicídio Zero e do Acordo de Cooperação Técnica para a implementação do Protocolo Não é Não nos estádios.

A parceria visa a garantir a segurança de meninas e mulheres em estádios e outros espaços em que estejam na condição de torcedoras, equipe técnica e atletas.

Estados
Denise Mota Dau também informou que no dia 26 de novembro será promovido encontro nacional de secretarias de políticas para as mulheres para a adesão dos estados ao Pacto Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio, que já conta com a participação de nove ministérios. Além disso, as secretarias estaduais de segurança pública farão adesão ao Ligue 180 no mesmo dia.

A secretária ressaltou ainda a importância da mudança de mentalidade para combater o problema, com posicionamento e denúncia de toda a sociedade contra a violência contra as mulheres.

Defensoria
A defensora pública federal Daniela Corrêa Jacques Brauner destacou, entre outras iniciativas, que a Defensoria Pública da União instituiu o Observatório sobre Violência Contra as Mulheres, para criar estratégias para aperfeiçoar a atuação do órgão nessa área.

A campanha
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal participam todos os anos da Campanha Mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, que no Brasil ocorre de 20 de novembro a 10 de dezembro e é chamada de "21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres". A data escolhida para seu início, Dia da Consciência Negra, leva em conta a dupla vulnerabilidade da mulher negra.

Em escala mundial, a campanha é realizada de 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, até 10 de dezembro, data em que foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A campanha é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal, assassinadas em 1960, na República Dominicana. As irmãs foram vítimas de diversas formas de violência e tortura, e foram silenciadas pelo regime ditatorial da época.