O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, atrás do câncer de pele não melanoma. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do tumor estão o tabagismo, a idade, o sobrepeso e a obesidade, além de exposições a certos produtos químicos, de acordo com o Ministério da Saúde. No entanto, o câncer também pode ser hereditár
Segundo a pasta, ter um pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de uma pessoa ter a doença. Isso pode refletir tanto fatores hereditários (genéticos), quanto hábitos relacionados ao estilo de vida de risco de algumas famílias.
“A incidência de câncer de próstata é significativamente maior em homens com histórico familiar da doença”, afirma Charles Kelson Aquino, urologista da Hapvida NotreDame Intermédica.
“Estudos indicam que homens que têm um pai ou irmão com câncer de próstata apresentam de 2 a 3 vezes mais chances de desenvolver a doença ao longo da vida. O risco aumenta ainda mais se houver múltiplos familiares afetados ou se o câncer for diagnosticado em idades mais jovens”, acrescenta.
Além disso, no caso de câncer de próstata relacionado a fatores genéticos, o risco pode variar de acordo com o tipo de gene que está alterado, conforme explica Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas.
“Vamos pensar, então, no gene mais frequentemente alterado, que é o BRCA2. Esse gene confere um aumento de 4 a 8 vezes no risco de câncer de próstata em relação a uma população normal sem alteração genética. Isso daria ao longo da vida do paciente um risco absoluto de câncer de próstata de 60%. Ou seja, a cada 10 homens com essa alteração, 6 desenvolveriam câncer de próstata ao longo da vida”, afirma Jardim.
“Se olharmos outro gene que também frequentemente está associado, que é o BRCA1, estamos falando de um risco 3,8 vezes maior, o que daria um risco ao longo da vida, variando entre 15 e 45%”, acrescenta.
Doenças hereditárias também podem aumentar o risco, como a Síndrome de Lynch, causada por mutações nos genes responsáveis pela reparação de DNA. Segundo artigos publicados no Urology Times e Facing Hereditary Cancer, homens com mutações associadas à Síndrome de Lynch, particularmente nos genes MLH1, MSH2 e MSH6, apresentam um risco aumentado de desenvolver câncer de próstata em comparação com a população geral.
“Compreender a relação entre a Síndrome de Lynch e o câncer de próstata é fundamental é um ponto importante não só para a identificação precoce de mutações, mas também para intervenções que podem salvar vidas. Homens com histórico familiar dessa síndrome devem ser incentivados a realizar acompanhamentos regulares, uma vez que a detecção antecipada do câncer de próstata pode levar a melhores desfechos clínicos”, reforça Jardim.
Homens com histórico familiar de câncer de próstata devem iniciar o rastreamento mais cedo que a população geral, geralmente aos 45 anos, especialmente se tiverem pai ou irmão afetado pela doença, segundo Aquino.
“Se houver múltiplos familiares com a doença ou se os diagnósticos forem precoces, o rastreamento pode ser indicado ainda mais cedo”, afirma o urologista. Nesse sentido, os exames de rastreio podem começar a ser feitos regularmente 10 anos antes do caso mais jovem de câncer de próstata na família.
Para o paciente de maior risco para o câncer de próstata, algumas medidas são importantes para a prevenção e incluem a adoção de hábitos de vida saudáveis. Essas são chamadas “medidas de prevenção primária”
“Não existe uma medida isolada de prevenção do câncer de próstata, mas hoje sabemos que é importante abandonar o tabagismo ou incentivar a não iniciar o tabagismo, ter uma dieta com aumento de ingesta de vegetais e reduzir a ingesta de gordura animal, manter o peso adequado, ou seja, evitando a obesidade ou tratando e reduzindo a obesidade, além da ênfase na atividade física como medida de prevenção”, afirma Jardim.
Também para quem tem maior risco de desenvolver o tumor devido à hereditariedade, os fatores de prevenção secundária são importantes e incluem medidas de diagnóstico precoce.
“Então, além do rastreamento por PSA, hoje para alguns casos de maior risco tem sido recomendado a ressonância nuclear magnética da próstata, como medida de diagnóstico precoce e, a depender do gene alterado, também não esquecer dos riscos de outros tumores que podem acontecer, dentre eles o câncer de pâncreas e o câncer de mama no homem”, explica Jardim. “Por isso, eventualmente, é necessário realizar exames específicos para esses outros tumores que podem estar também associados a uma maior incidência”, acrescenta.
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