Em razão da influência do Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade, em 1928, Tarsila do Amaral seguiu o seu trabalho de forma antropofágica, passando a produzir pinturas que se aproximam da estética surrealista.
Dentre suas obras, destaca-se Urutu (1928), também conhecida como “O Ovo”.
Urutu é uma cobra que está diretamente associada à narrativa de origem indígena da cobra grande, nascida na região amazônica.
Em algumas versões, ela se move até a superfície da água, afoga e devora pescadores.
Em outras, é responsável por abrir sulcos na terra, permitindo o surgimento de novos grandes rios.
Na pintura, a cobra aparece saindo de um ovo, que também representa o nascimento, talvez de novas idéias.
Os atos de devorar e de abrir caminhos também estão associados à antropofagia em sua proposta de digerir as influências estrangeiras trilhando percursos locais, renovando assim a arte brasileira.
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