O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, fez um apelo nesta quinta-feira (2) ao governo do Brasil: cortar as relações comerciais com a Rússia.
Tkach disse que essa medida permitiria ampliar a pressão contra os russos, que invadiram a Ucrânia e bombardeiam cidades do país na guerra deflagrada há uma semana.
"Gostaríamos de uma maior pressão sobre a Rússia. Nós apelamos para se cortar todos os laços comerciais com a Rússia. As empresas internacionais já estão cortando", declarou.
Para o diplomata, se o governo não tomar essa iniciativa, que as empresas brasileiras o façam. "Se não for ao nível estatal, que seja ao nível das empresas", afirmou.
Nesta quinta, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções uma resolução que condena a invasão russa à Ucrânia . O texto "deplora nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia", mas não tem necessariamente efeito prático — o efeito é político, por demontrar o relativo isolamento internacional da Rússia e a uma ampla maioria de países contrários à invasão.
Sobre os vistos humanitários para ucranianos prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, Anatoliy Tkach disse que a Embaixada da Ucrânia está "aguardando e esperando" essa portaria. Disse que vê a possibilidade como um "gesto de solidariedade".
"Os ucranianos já estão no Brasil há mais de 130 anos. Contribuíram para o desenvolvimento do Brasil, econômico cultural. Os que chegam também vão enriquecer o Brasil", afirmou.
Além do apelo por corte dos laços comerciais com a Rússia, as declarações do diplomata Anatolyi Tkach têm provocado desconforto no Palácio do Planalto, segundo informou o Blog do Camarotti.
Tkach já afirmou que o presidente Jair Bolsonaro está "mal informado" ao se dizer "neutro" em relação ao conflito. Depois de o ministro Carlos França (Relações Exteriores) ter declarado que a posição do Brasil é de "imparcialidade", disse que imparcialidade não se aplica quando se sabe quem é o agressor.