Uma doença misteriosa, que causa sintomas parecidos com os da gripe, matou pelo menos 143 pessoas na República Democrática do Congo, na África Central. Chamada pelas autoridades de "Doença X", a enfermidade tem afetado principalmente mulheres e crianças.
Em um briefing, o diretor-geral do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, Jean Kaseya, pelo menos 376 casos foram relatados desde 24 de outubro de pessoas apresentando sinais de febre, dores de cabeça e coriza, além de dificuldade para respirar e anemia.
O Africa CDC registrou um total de 79 mortes causadas pela doença, mas as autoridades locais afirmaram à Reuters que o número correto é 143 óbitos. Em um email ao The Washington Post, a diretora de comunicações da agência de saúde continental, Margaret Muigal Edwin, explicou que os números não batem porque, como a definição do diagnóstico ainda não está clara, alguns casos estão pendentes de confirmação.
A Doença X na República Democrática do Congo. (Fonte: Africa CDC/Divulgação)
A doença X começou na zona de saúde de Panzi, na cidade de Bukavu, no leste do país africano.
Em um briefing, o diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública do Congo Dieudonné Mwamba, explicou que a faixa etária mais afetada é a de crianças menores de 5 anos, com 198 casos relatados. Segundo o epidemiologista, a desnutrição, da qual 40% da região sofre, pode ter tornado os indivíduos infectados ainda mais vulneráveis à doença.
Para Kaseya, uma falha de comunicação pode também ter contribuído para o alastramento da enfermidade. Embora o primeiro caso tenha sido relatado no dia 24 de outubro, as autoridades locais só notificaram o governo nacional no dia 1º de dezembro. "Em cinco a seis semanas, muitas coisas podem acontecer", disse o executivo do CDC africano.
O Congo teve também um aumento de casos de mpox. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Conforme Kaseya uma equipe de epidemiologistas, especialistas de laboratório e trabalhadores de prevenção e controle de infecções do CDC africano está agora na província de Kwango na expectativa de identificar a doença. As autoridades estão pedindo às pessoas que adotem boas práticas de higiene e relatem casos suspeitos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) também anunciou o envio de profissionais médicos e suprimentos para ajudar no tratamento da doença. Os funcionários da OMS pediram para não chamar a doença X de "não identificada", mas sim de "não diagnosticada", pois, como não há laboratórios na região, é possível que o elemento infeccioso seja um patógeno conhecido.
Para tornar o cenário ainda mais caótico, o sistema de saúde do país está sobrecarregado devido ao surto global de mpox (antes conhecida como varíola dos macacos), que já registrou mais de mil mortes suspeitas no Congo.