A "devastadora" guerra na Ucrânia ocupou um lugar central na inauguração da assembleia anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) neste domingo (22) e ameaça ofuscar os esforços feitos em outras crises, assim como uma reforma para prevenir futuras pandemias.
"Onde há guerra, também há fome e doenças", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante seu discurso de abertura na 75ª Assembleia Mundial da Saúde.
"A paz é indispensável para a saúde", frisou.
Essa assembleia deve decidir se renovará o mandato de Tedros por outros cinco anos, após uma primeira gestão marcada pela pandemia da Covid-19.
Pouco antes, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos 194 Estados-membros da organização que apoiem a resolução que será apresentada na terça-feira (24) pela Ucrânia. O texto condena duramente a invasão russa, em especial seus mais de 200 ataques ao sistema de saúde, incluindo hospitais e ambulâncias.
O conflito na Ucrânia não é, porém, a única emergência sanitária a ser discutida ao longo da semana.
"Esta reunião é uma oportunidade histórica para fortalecer a arquitetura universal de segurança e saúde", disse à assembleia o presidente da República Dominicana, Luis Abinader Corona.
As negociações abordarão, por exemplo, como fortalecer as respostas a futuras pandemias por meio de um instrumento legal, como um tratado.
Entre as principais reformas em pauta, está a do orçamento da OMS. Os países devem dar sinal verde para um acordo para que a organização tenha um financiamento mais seguro e flexível.
O orçamento semestral da OMS para 2020-21 foi de US$ 5,8 bilhões, mas apenas 16% desse valor é procedente das cotas ordinárias de seus membros. A ideia é aumentar essas cotas, gradualmente, de modo a chegar a até 50%.
A assembleia termina no próximo sábado (28). Trata-se da primeira a ser realizada de forma presencial desde a eclosão da pandemia de Covid-19 no fim de 2019.