Prestes a completar 73 anos, João Lopes Ferreira, é conhecido como João Goiano. Nascido em Palmeiras, no Estado de Goiás, foi um dos pioneiros da pecuária placidiana no ramal Mendes Carlos II. Em outubro do ano passado, ele concedeu entrevista para a Agência Plácido para compartilhar sua história e seus ensinamentos. Ao todo, o produtor rural, foi responsável pela construção de um império avaliado em mais de 20 milhões de reais ao longo de sua vida.
“Quantos bois não passaram pelos olhos criteriosos de João Goiano?”. “Na verdade, os olhos deste criador viram muito mais que bois, acompanharam praticamente todas as transformações que a pecuária de Plácido de Castro viveu nos últimos 10, 20, 30 anos”. Goiano é divorciado, pai de cinco filhos, exerceu o cargo de vereador no Legislativo Municipal por dois mandatos e concorreu por uma vez, ao cargo de vice-prefeito, sendo derrotado ao lado de Roney Firmino.
Na Fazenda, que é sua morada e possui inúmeras hectares de terras, localizada há cerca de 5 quilômetros adentro do ramal, o pecuarista relata as dificuldades que desde o começo do ano passado atormenta a sua vida inspiradora, as desavenças com um vizinho que o acusa de ser o mandante de uma invasão e roubo, mediante grave ameaça de morte, de uma camionete ocorrida na fazenda vizinha de um pecuarista, que segundo ele, era amigo íntimo. "Eu fiquei sabendo, através de uns áudios de WhatsApp, que esse meu vizinho, que para mim era uma pessoa de primeira linha, está me acusando de ter mandado roubar a camionete dele. Eu não sou homem pra isso, eu não tenho essa qualidade. E agora, eu vou querer que ele prove na justiça". Pontua.
O roubo da camionete
A camionete, modelo Amarock, foi subtraída da propriedade rural vizinha a de João Goiano em meados de 2022. Criminosos, fortemente armados, chegaram ao local, anunciaram o assalto e subtraíram o veículo, bens de valores de dentro da residência, além de terem levado o proprietário como refém. A vítima foi liberada posteriormente, registrou a ocorrência na delegacia e após o trauma, não mora mais na localidade.
Acusações
Após o ocorrido, João Goiano afirma que esse vizinho passou a persegui-lo: "Na época em que este episódio triste aconteceu, eu estava em Goiânia fazendo tratamento de saúde. Neste dia, um conhecido me ligou contando desse assalto e que inclusive, esse vizinho teria afirmado que a pistola que os assaltantes usaram seria minha. Quando eu retornei de viagem, encontrei com ele na porteira de umas de suas terras, perguntei sobre o assalto, ele confirmou o roubo do veículo, perguntei se a camionete tinha seguro, ele disse que não. Dai ele mesmo disse que eu havia sido o mandante deste crime. Dai, eu estava de posse de minha pistola, que é documentada e mostrei para ele, dai ele visualizou e disse que os assaltantes usaram outra arma no assalto. Dai eu disse que então o mandante não seria eu, pois eu só possuo um única pistola, que uso para a minha proteção em minhas terras". Conta.
Prestes a se mudar de vez do Acre e morar em Goiânia, João se diz injustiçado. "Quando ele precisou de mim, eu o ajudei, levei ele para tratamento de saúde em Goiânia, estive ao seu lado. Agora, como gratidão, ele me faz essas acusações", relata.
Operação policial
João Lopes alega ainda que após esse ocorrido, a esposa do seu vizinho, de forma leviana, teria procurado a Polícia Civil para relatar uma notícia crime de que ele possuía diversas armas em sua posse, inclusive, andava ameaçando alguns moradores da região de morte. "Um determinado dia, logo ao amanhecer, eu fui surpreendido pela polícia civil em minha casa. Chegaram fardados de preto e disseram que estavam ali para tomar café da manhã comigo. Eu os recebi, eles me mostraram a ordem de busca e apreensão e pediram para entrar na casa em busca das armas. Reviraram tudo, todos os cômodos, cada espaço e móveis e a única arma que encontraram, foi a que eu uso para minha defesa pessoal. Essa pistola é toda documentada, possuo posse e porte de armas. A polícia recolheu essa arma para averiguação e após alguns dias, como nada foi encontrado, me devolveram", narra.
Assalto em sua propriedade
João Goiano relata ainda que por possuir camionete, também sofreu uma tentativa de roubo em sua propriedade: "Um determinado dia, eu observei a passagem de um veículo modelo Gol, com cerca de 3 pessoas dentro. Durante a madrugada, eu ouvi um barulho e acordei. Era eles, tentando arrombar a garagem da minha camionete, só não conseguiram porque o cadeado é trancado por dentro. Mas eles tentaram usar um ferro para furar a parede. Como eu acendi a luz, eles correram". Explica.
Goiano diz que após o ocorrido, resolveu levar a sua camionete para Goiânia, adquiriu um veículo popular e resolveu arrendar as terras e ir embora do Acre. "Estou indo embora porque eu não gosto de desavenças com ninguém, do jeito que as coisas estão indo, a qualquer momento pode acontecer algo grave e para evitar o pior, vou estar indo embora para sempre deste lugar que moro há mais de 30 anos", declara.
Indo embora, querendo ficar
Goiano conta que a sua grande paixão é a criação de gado. Ele afirma que fornece gado de abate para os principais frigoríficos do estado do Acre. Além da criação de vacas leiteiras e gado de corte, ele investe na criação de suínos e peixes, incluindo o pirarucu que é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do Brasil. Em suas terras, o peixe atinge de 30 a 75 kg antes de ser comercializado para abate.
O ex-vereador conta que recentemente caiu de um cavalo de sua propriedade quando passava com o animal por cima de uma ponte e sofreu traumatismo craniano. Devido a gravidade da lesão, foi encaminhado ao estado de Goiânia, em busca de atendimento médico. Após tratamento, retornou ao ramal Mendes Carlos II, onde encontrou um de seus cavalos, avaliado em torno de R$: 50.000,00 morto com 1 tiro de espingarda na região do pescoço.
Goiano alega que além da morte de um de seus animais que são de auto custo, também se deparou com o furto de 20 bois de sua propriedade, entre 8 e 10 mil quilos de peixes subtraídos sem sua autorização. O pecuarista se diz injustiçado e busca reparos de danos morais junto ao Poder Judiciário. "Em conversa com meus advogados, fui orientado a acionar a justiça para solicitar reparação de danos e isso que estou fazendo." Ele conclui dizendo que nunca manteve vínculos com organizações criminosas, não possui armas ilegais em sua posse e que sempre zelou pela sua integridade frente a população placidiana.