O vocalista e guitarrista Digão, do Raimundos, participou do podcast Guarda Volume e na ocasião comentou sobre como a vida de turnês – repleta de altos e baixos e muitas vezes drogas – pode ter afetado o saudoso Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, que morreu em decorrência das drogas em 2013.
"Quando o Chorão estava bem, ele era uma das pessoas mais legais, mas quando estava mal, ele se transformava. Infelizmente, foi assim quando ele estava mal a última vez que o vi vivo. Tive muitos momentos bons com ele. Postei vídeos com ele que o pessoal da página do Charlie Brown Jr. compartilhou. Ele apareceu na pousada onde eu passava férias em Floripa, que tem uma pista de skate e é dos meus amigos de Brasília. Chorão estava lá, tocou comigo, e foi um dia maravilhoso.
Mas ele tinha altos e baixos. Acelerava e freava, tomava remédios para dormir. Isso é perigoso para o corpo. Ouvi dizer que o Taylor Hawkins também tinha problemas assim. Por isso, agradeço nunca ter me envolvido com drogas pesadas. Fumei maconha dos 16 aos 33 anos, mas nunca em excesso. Chegou um ponto em que começou a me prejudicar e eu parei.
Nunca me envolvi com drogas pesadas. Já tomei ácido e bala, mas não era minha praia. Sempre gostei de estar de cara limpa. Vi uma entrevista do Chorão dizendo que ele entrava em depressão após shows, porque não conseguia manter a euforia depois de se isolar no quarto do hotel.
Entendo a dificuldade. Quando chego de um show, demoro a dormir por causa da adrenalina. É difícil lidar com a solidão depois da euforia. Mas é preciso estar preparado para isso se você quer uma carreira longa. A cocaína cobra um preço alto. Ela corrói por dentro, acaba com o coração. Lembrar que somos frágeis é importante. Temos que cuidar do corpo e da mente. Eu gosto de viver, amo minha família e acredito em Deus. Nada disso exclui o fato de eu cantar no Raimundos. O importante é não ter maldade nas palavras, não ofender ou prejudicar ninguém".