Nesta última segunda-feira, 25, a Universidade Amazônica de Pando (UAP), localizada na fronteira de Plácido de Castro com a Bolívia, se viu no centro de uma polêmica após alguns alunos da primeira turma de medicina, procurarem a imprensa acreana para denunciar a instituição por abuso. No entanto, na tarde desta quarta-feira, 27, a universidade se manifestou publicamente para negar as acusações e esclarecer os eventos recentes.
De acordo com a UAP, a situação que gerou o desentendimento começou durante a aplicação de provas da disciplina de Histologia. A instituição afirma que um grupo de alunos foi flagrado 'colando' durante a avaliação. Como consequência, as provas foram imediatamente anuladas.
Após o ocorrido, os acadêmicos passaram a acusar a instituição de ensino de 'abuso' e por conta própria, decidiram bloquear a ponte que corta o Igarapé Rapirrã, prejudicando o tráfego de veículos e pessoas e trazendo transtorno aos comerciantes bolivianos.
Entenda
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais e dividiu opiniões na comunidade local. Alguns defendem os alunos, afirmando que o tratamento poderia ter sido mais reservado, enquanto outros apoiam a instituição, ressaltando a importância de manter a integridade acadêmica.
De acordo com as denúncias feitas pelos estudantes, durante as aulas, eles enfrentam precariedade, negligência e até situações de risco à vida. "Os laboratórios alagam frequentemente e precisaram empilhar cadeiras para segurar o teto que mostra fragilidades. Os banheiros são improvisados e não há água potável disponível no campus", diz trecho da denúncia.
Os futuros médicos também reportaram que recentemente um incêndio ocorreu no local por conta da precariedade das instalações elétricas do espaço. Para não perder os equipamentos, os próprios alunos precisaram entrar em ação e salvar microscópios de um laboratório.
Outro trecho afirma que os acadêmicos, também enfrentam obstáculos no percurso até o campus, especialmente durante este período chuvoso, quando o ramal que dá acesso à universidade torna-se difícil de transitar. Veículos comuns encontram dificuldades no trajeto de cerca de 1 quilômetro, e muitos alunos dependem de colegas que possuem caminhonetes para chegar às aulas.
Além das questões de infraestrutura, os alunos revelam despesas adicionais relacionadas a atividades acadêmicas. Segundo relatos, a universidade solicita que invistam em materiais de laboratório, pinturas e eventos como feiras acadêmicas. Os estudantes afirmam que esses gastos são realizados sob a promessa de pontos extras, que, em alguns casos, não são concedidos.
Os alunos destacam que os custos exigidos aumentam as dificuldades para quem já enfrenta limitações financeiras. Essas questões têm gerado debates sobre o papel da universidade no suporte aos estudantes e sobre a transparência na gestão das atividades acadêmicas.
Crise de ansiedade e abuso sexual
Em documento, os estudantes relataram ainda situações de abusos no ambiente acadêmico, com práticas que incluem expulsar alunos da sala por respostas erradas ou atitudes consideradas inadequadas, como bocejos. Alguns estudantes relatam estar sofrendo com crises de ansiedade e ataques de pânico em sala de aula, sem que a direção tomasse medidas acerca do ocorrido.
A diretora da instituição teria presenciado uma crise de uma aluna, e também não esboçou reação de apoio à estudante, segundo relatos de colegas. Outras denuncias apontam ainda para um suposto abuso sexual por parte de um dos professores da instituição. Uma aluna apresentou a acusação publicamente, mas os estudantes afirmam que a universidade não tomou medidas para investigar ou proteger a comunidade acadêmica.
Provas anuladas
Outra reclamação dos alunos é a suspensão arbitrária de uma prova realizada na instituição, em que alguns alunos foram pegos trapaceando com “colas” durante o exame, mas todos os participantes da prova tiveram seus exames anulados e não apenas os que foram pegos trapaceando.
“Tem gente aqui que estava estudando três dias, três noites sem dormir, estudando para essa prova, então o que aconteceu foi isso, que ela pegou alguns alunos colando e quer zerar a prova de todo mundo ao invés de zerar apenas quem estava colando”, diz trecho da denúncia enviada.
Os alunos, que deveriam estar se preparando para salvar vidas, buscam por condições mínimas de dignidade e segurança na instituição de ensino, que de acordo com as reclamações enviadas à redação “parece priorizar interesses obscuros em detrimento do bem-estar de seus estudantes”.
O episódio levanta questões sobre os desafios enfrentados por instituições educacionais na região, especialmente em um contexto fronteiriço que agrega diferentes culturas e perspectivas. A UAP informou que manterá a comunidade atualizada sobre os desdobramentos do caso.
Sobre a UAP
A Universidade Amazônica de Pando (UAP) é uma das instituições de ensino superior mais importantes da região amazônica boliviana, localizada na cidade de Cobija, capital do departamento de Pando. Fundada com o objetivo de atender às necessidades educacionais e profissionais da população local, a UAP desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico, social e cultural da região.
A universidade oferece uma ampla gama de cursos de graduação e pós-graduação, com ênfase em áreas que refletem as particularidades e os desafios da Amazônia boliviana, como Medicina, Agronomia, Engenharia Florestal, Administração, Ciências Sociais e Educação. Com um compromisso com a formação integral, a UAP busca preparar profissionais capacitados para contribuir com o crescimento sustentável e o cuidado com o meio ambiente, essenciais para a preservação da biodiversidade única da Amazônia.
Além do ensino, a UAP se destaca pela realização de pesquisas voltadas para o desenvolvimento sustentável e pela promoção de atividades de extensão universitária, fortalecendo os laços com as comunidades locais. Sua infraestrutura moderna e seu corpo docente qualificado garantem uma educação de qualidade e acessível para estudantes da região e de outras partes do país.
Com uma visão de futuro, a Universidade Amazônica de Pando continua a expandir suas iniciativas acadêmicas e científicas, reafirmando seu compromisso com a excelência e com o progresso da Amazônia boliviana.