À medida que o fenômeno El Niño parece estar nos seus últimos meses de abrangência, é considerada maior a probabilidade que haja formação da La Niña ainda neste ano. Por ora, o El Niño segue provocando uma série de anomalias climáticas, embora seja precipitado apontar que os eventos extremos sejam consequência direta dele.
Nos últimos relatórios climáticos divulgados, houve um consenso: as mudanças climáticas, decorrentes da ação do homem, são responsáveis pelo aumento das temperaturas globais percebido no último ano.
Havia a dúvida que o Super El Niño em atuação, considerado mais intenso que o formado entre 2015 e 2016, pudesse estar respondendo por essas alterações isoladamente. No entanto, este não parece ser o caso.
(Fonte: Getty Images)
As ondas de calor observadas na América do Sul dão uma amostra do quão graves esses eventos climáticos estão se apresentando, indo além da seca que castigou a região amazônica no último semestre.
Recentemente, o Chile foi vítima de um incêndio florestal de grandes proporções, que além de provocar a destruição de ruas inteiras, deixou ainda um grande número de fatalidades e desabrigados. Na Argentina e mesmo nos estados do sul brasileiro, os efeitos da onda de calor que agravou o desastre ainda foram percebidos: a sensação térmica superou os 40 °C.
A expectativa é que após o El Niño perder força, entre abril e maio de 2024, o planeta passe por um novo período de neutralidade. No último boletim divulgado, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) apontou que há uma probabilidade de 79% do fenômeno acabar no primeiro semestre deste ano.
(Fonte: Getty Images)
Mas, se a formação da La Niña acontecer mais adiante, que geralmente ocorre a cada 3 - 5 anos, algumas alterações serão percebidas. Ainda segundo a NOAA, há uma probabilidade crescente de 55% dela se desenvolver a partir de junho deste ano. Por ser resultado do resfriamento das águas do pacífico, ainda poderá ser notada uma mudança no regime de chuvas ao redor do mundo.
No Brasil, por exemplo, a tendência é que haja aumento das chuvas na região norte e nordeste. A estiagem no sul do país, por outro lado, poderá prejudicar a safra anual e impactar a oferta de alimentos cultivados nessa área.
Ainda é esperada uma maior ocorrência de frentes frias, dado que haverá condições mais favoráveis para o seu avanço em território nacional. Na América do Norte, por sua vez, é aguardada uma maior ocorrência de furacões, e mesmo a chegada de um clima mais seco em algumas porções.
Na sua última ocorrência, a La Niña perdurou por três anos. E apesar dela, o aquecimento global não foi interrompido. Ou seja, as preocupações com as temperaturas globais deverão continuar norteando os debates sobre o clima.
Mín. 22° Máx. 31°