A mídia conscientiza, sensibiliza e previne a violência de gênero duas vezes mais do que as redes sociais, que são mais sensacionalistas. No entanto, 20% das notícias publicadas ainda justificam as agressões e uma em cada seis viola a privacidade das vítimas ao expor dados pessoais que elas prefeririam evitar. Estas e outras conclusões estão no relatório “Desfocadas: como opinar e informar melhor sobre a violência de gênero”, realizado pela LLYC no âmbito do 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Para a elaboração desse estudo, a equipe de Deep Learning da consultoria analisou 226,2 milhões de artigos de notícias gerais, 5,4 milhões de notícias sobre violência de gênero e 14 milhões de mensagens na rede social X (antigo Twitter) relacionadas à violência de gênero nos 12 países onde a consultoria está presente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, México, Panamá, Peru, Portugal e República Dominicana) ao longo de um ano. A pesquisa utilizou Large Language Models (LLMs- GPT4) para identificar e isolar descritores de vítimas e agressores em notícias públicas obtidas por meio de modelos de scrapers, bem como técnicas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) em 4 idiomas para analisar a conformidade com 21 regras de boas práticas derivadas das diretrizes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Rede Mediterrânea de Autoridades Regulatórias (MNRA).
Luisa García, Sócia e COO Global da empresa e autora do relatório, destaca: "Aqueles de nós que participam da conversa social sabem que dar visibilidade à violência de gênero é fundamental para progredir em sua erradicação. No entanto, fazê-lo mal pode ser contraproducente, gerando sensacionalismo e causando dupla vitimização. Na LLYC, queremos não apenas destacar esse risco, mas também fornecer ferramentas para evitá-lo".
Além do relatório, a LLYC faz uma contribuição por meio da inovação. Para ajudar a focar as manchetes de notícias com uma perspectiva de gênero, a empresa criou o The Purple Check, uma ferramenta de inteligência artificial que permite verificar se as palavras usadas estão corretas ou se incluem um viés. Nesse caso, ela recomendará uma solução alternativa de como dizer a mesma coisa para informar sem promover a desigualdade e, assim, trazer o foco de volta à comunicação.
As principais conclusões do relatório apontam que a mídia fala mais sobre violência de gênero do que as redes, e as notícias aumentam a conscientização mais do que as conversas sociais, além disso, nas mídias sociais, a conversa é mais sensacionalista, e o foco está nas vítimas. Segundo o informe, a Espanha é o país onde mais se fala sobre violência de gênero, enquanto na América Latina, o tema se destaca nos noticiários, mas não nas redes. Já nos Estados Unidos, a agressão é justificada duas vezes mais do que na média de todos os outros países. Por outro lado, o Brasil e a Argentina são os países menos conscientes, com a menor proporção de participação em redes sociais com relação a notícias, 70% abaixo da média.
O estudo identifica também uma série de recomendações e práticas recomendadas para lidar com a divulgação de casos de violência baseada em gênero: remover a menção aos vícios e à saúde mental do agressor, reorientar a narrativa, aumentar a conscientização nas mídias sociais em países com baixa mobilização, omitir elementos que desculpem o agressor, proteger a privacidade das crianças, contextualizar sem atacar a privacidade, evitar referências socioeconômicas, raciais e étnicas, evitar descrições do estado mental da vítima, incluir uma maior diversidade de vozes nas notícias.
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