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LAMPIÃO ERA UM CABRA DA PESTE?

13/03/2023 às 12h46
Por: Informativo Plácido
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De acordo com o Dicionário C.A.P.R.A. de Nordestinês, a expressão “cabra da peste” pode ser usada como elogio – destemido, resiliente – ou como ofensa – prepotente, arrogante. Tudo depende do contexto.

Virgulino Ferreira da Silva nasceu em 1897 em Serra Talhada, Pernambuco. Filho de um pequeno proprietário rural, dizem que desde frangote já era um arretado artesão em couro. Mas uma rixa entre a sua família e a do vizinho acabou com o assassinato do seu pai por um policial. Depois disso, Virgulino, que já tinha entrado pra vida do crime roubando e matando o gado do vizinho, desandou de vez. Ele sempre disse que virou bandido pra vingar a morte do painho.

No sertão daquele tempo, a vingança da honra ofendida era lei. Os moleques cresciam ouvindo a frase “Seja homem!”. Então, fazer justiça com as próprias mãos era normal e até incentivado. O sujeito era valente. Se não o fizesse, era frouxo.

Com 23 anos entra para o bando do cangaceiro Sinhô Pereira, e aí vira Lampião. Existem duas versões para esse apelido: 1 – o homem era tão rápido no gatilho que os tiros alumiavam a noite. 2 – ele teria usado o clarão de um disparo pra encontrar um cigarro que caiu no chão.

Após a "aposentadoria" do líder Sinhô, Lampião assume o comando do grupo. E a lista de maldades que o alma sebosa fez é imensa. Ele se tornou um especialista em sangrar suas vítimas enfiando longos punhais corpo adentro entre a clavícula e o pescoço, a popular “saboneteira”. Quando a arma era retirada, produzia um esguicho espetaculoso de sangue. Valei-me meu Padim Ciço!

E quando não matava, feria. O filho de uma gota serena fazia questão de mutilar, deixar cicatrizes visíveis, para que as marcas da violência servissem de exemplo. Se não era ele quem sujava as mãos, eram os cangaceiros da sua curriola. Há relatos de que esses malfeitores riscavam com a faca uma cruz na testa dos homens e marcavam as mulheres no rosto com ferro quente.    

Sertão adentro, por praticamente todo o Nordeste, os filhos de uma égua arrancaram olhos, orelhas e línguas de muita gente. Os estupros também eram uma prática comum para o “Rei do Cangaço” e sua cambada. E há um caso em que o próprio Lampião castrou um homem dizendo que ele precisava engordar. Deus me defenda!

Além das já citadas, a lista de maldades cometidas pelos cangaceiros é imensa: sequestro, extorsão, suborno e o escambau. Mas o dito cujo era religioso: nos acampamentos rezava o ofício, uma espécie de missa. E ainda carregava livros de orações e pregava fotos do padre Cícero na roupa. Vê se pode! Deixava uma bufunfa boa de esmola nas igrejas das cidades que invadia. Menos pra São Benedito. “Onde já se viu santo negro”, dizia. Oxente, além de tudo era racista.

Curiosidade: o sanguinolento era caolho. Perdeu a vista devido a um espinho que feriu seu olho direito. Mas o desgraçado dizia que precisava apenas de um para atirar, já que mesmo tendo dois precisava fechar um, e não se importou com o ocorrido.

Lampião não permitia mulheres no bando. Ele achava que as raparigas trariam a discórdia e o ciúme entre os seus bandoleiros. Isso até pôr os olhos em Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita. Ela amoleceu o coração de pedra do cangaceiro. O pitéu abandonou o seu marido para segui-lo. Tiveram uma filha, que foi entregue a um casal ainda recém-nascida: as cangaceiras não podiam ficar com os fedelhos. Depois de Maria Bonita, outros rabos de saia começaram a fazer parte da quadrilha.

Você sabia que Virgulino foi o compositor da música “Mulher Rendeira”? Dizem que quando ouviam os versos da canção, os moradores das vilas já sabiam que a gangue criminosa estava chegando. E isso podia ser sinônimo de sangue ou festa. Se a população do local atendesse os pedidos da corja, os desgramados organizavam bailes e davam esmolas. Caso negassem o que queriam, o couro comia.  

Apesar de todas essas barbaridades cometidas pelo maldoso, muitos historiadores consideram que sua luta foi contra o latifúndio e a arbitrariedade, defendendo os oprimidos, o tal do “bandido social” ou “Robin Hood da caatinga”. Há relatos de que em algumas cidades que passou jogava moedas para as crianças, fazia doações, etc. Porém, a historiografia mais recente aponta que, pobres ou ricos, oprimidos ou opressores, todos eram bons se satisfizessem as suas exigências. Se discordassem do bandidão, eram inimigos.  

Mas a batata do perverso já estava assando. Em 1938, ele foi dedurado por um de seus coiteiros e surpreendido pelos “macacos”, que era como ele chamava os policiais. Em um tiroteio que durou cerca de 15 minutos, 11 cangaceiros bateram a caçoleta, entre eles, Lampião e Maria Bonita. Todos foram degolados.

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