Associar Engenheiros do Hawaii com Heavy Metal parece algo totalmente sem sentido. Com um estilo que mescla Rock, Pop e elementos de música brasileira, a banda sempre esteve bem distante de qualquer som considerado mais pesado, a ponto do próprio Humberto Gessinger considerar que eles podem ser classificados como "MPB", ao ser perguntado se o Engenheiros faz Rock ou Pop.
"Eu acho que fazemos MPB. Não sei se somos pesados o suficiente para sermos rock, por outro lado a gente não é tão volúvel como é o pop. Se eu pudesse escolher entre o pop e o rock, eu escolheria o rock, por não ser tão baseado em fotografias, rostos e danças, e sim mais no som mesmo. Teve um ícone que guiou muito os Engenheiros, que é o rock progressivo dos anos 70, cuja influência se fez notar bastante na segunda formação da banda, essa coisa do trio".
E isso fica ainda mais evidente ao analisarmos os álbuns que moldaram a personalidade de Humberto Gessinger, que como fundador e líder do Engenheiros do Hawaii sempre foi quem norteou os rumos da banda: "Talvez de volume eu tenha ouvido mais Rock Progressivo do que MPB, mas eu tive a sorte de viver na época em que a MPB de grande qualidade tocava no rádio, além da geração do Belchior, os nordestinos, os mineiros. Porque geralmente quem curtia MPB não queria saber de rock progressivo, mas essa mistura um pouco implausível é que me formou".
Humberto admite que acha um saco o fato de músicos de Metal serem "bons instrumentistas"
Durante uma entrevista de 1991 conduzida por Carlos Eduardo Miranda e publicada na revista Bizz, Humberto admitiu que nutre simpatia pelo Heavy Metal mas deixou claro que acha "um saco" uma de suas características: "Eu gosto do código do metal. Só que precisa ser um pouco mais jovem de cabeça do que eu, para transar isso radicalmente. Tem que ter fé cega, e eu tenho sempre um olho de cara e outro sonhando. Uma faceta que acho um saco no metal é essa dos bons instrumentistas. Eu deixo a MTV ligada, em casa, sem som. Quando vejo um cara feio cantando, aumento o volume".
E oito anos mais tarde, em um chat realizado no dia 11 de julho de 1999 e disponibilizado em engenheirosdohawaii.com.br, um usuário que assinava como nome "Radar" perguntou: "Humberto, em que você se inspirou para 'Nada Fácil'? Pode falar mais sobre essa música?"
"Nada Fácil" faz parte do álbum "¡Tchau Radar!", de 1999. Conforme a interpretação do letras.mus.br, onde ela é descrita como uma "Montanha-Russa Emocionoal", a canção "aborda a complexidade da vida moderna, explorando temas como euforia, depressão e a constante luta entre momentos de alegria e dificuldades. A letra começa mencionando 'neurotransmissores' e 'mísseis na pressão', sugerindo uma batalha interna e emocional que todos enfrentamos. A vida é descrita como uma série de curvas que disparam o coração, simbolizando os altos e baixos que todos experimentamos".
Humberto então explicou: "Nada Fácil é meu Heavy Metal. Acho a letra muito intensa. A entrada de 'Besame Mucho' traz o drama..." diz Humberto, se referindo à citação instrumental do famoso bolero que aparece na música. "Fiz ela com raiva. Minha versão era tecno. Mudei nos ensaios com os guris, por isso a parceria".
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