Um relatório sigiloso enviado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ao Congresso Nacional mostrou que o governo federal havia sido informado sobre eventuais ataques extremistas em Brasília, no dia 8 de janeiro.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relatou que identificou a convocação de diversas caravanas com direção à capital federal. No texto, a agência teria informado as intenções desses manifestantes, como a invasão ao Congresso Nacional.
O documento foi enviado a órgãos do governo e, depois, em 20 de janeiro, à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI). Ele foi assinado pelo chefe do GSI, Gonçalves Dias. O alerta, por sua vez, foi feito pela Agência Brasileira de Inteligência, subordinada ao GSI.
Ao R7, o senador Esperidião Amin (PP-SC), ex-presidente da comissão, disse que solicitou o pedido de desclassificação do caráter sigiloso do documento recebido, "uma vez que se referem a fatos pretéritos e não representam qualquer ameaça à sociedade ou ao Estado brasileiro". Caberá, portanto, à nova presidência definir a medida.
Membro da CCAI, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) confirmou o acesso a documentos que, segundo ele, justificam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Ele propõe que os trabalhos apurem uma suposta prevaricação do governo federal no caso dos atos extremistas.
"Meu objetivo é provar prevaricação dos ministros e do atual presidente da República", afirmou Do Val, em live, um dia após seu depoimento à Polícia Federal sobre um suposto plano de golpe de Estado proposto pelo ex-deputado federal Daniel Silveira em uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Do Val disse que os documentos, o que inclui o referido relatório da Abin, tinham capacidade de "mudar o Brasil e o sistema que acontece aqui" e que são "bombásticos".
A reportagem procurou o Palácio do Planalto e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Lula
O relatório sigiloso produzido pela Abin, porém, contrasta com as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde os ataques, o petista tem criticado as forças de segurança do Distrito Federal pela suposta ausência diante dos ataques extremistas.
Em 12 de janeiro, Lula recebeu os jornalistas para um café da manhã e afirmou estar convencido de que alguém abriu as portas do Palácio do Planalto para que os extremistas invadissem e depredassem o prédio.
"Estou esperando a poeira baixar, mas quero ver as fitas que foram gravadas dentro do Supremo Tribunal Federal, do Planalto. Teve muita gente conivente, muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas conivente. Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada, significa que alguém facilitou a entrada", disse Lula na ocasião.
Presos
Até o momento, cerca de 1.500 pessoas foram presas pelos atos antidemocráticos. Entre eles estão Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal.
Em outra frente, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça do Distrito Federal o aumento do valor do bloqueio cautelar de bens dos presos por vandalismo às sedes dos Três Poderes. De acordo com a solicitação, os atuais R$ 18,5 milhões bloqueados seriam aumentados para R$ 20,7 milhões. Ao menos R$ 4,3 milhões, só em veículos de pessoas e empresas envolvidas, já estão bloqueados.
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