Mesmo com a sua lentidão característica, um bicho-preguiça da Amazônia equatoriana mostrou que pode ser rápido quando necessário, principalmente se a agilidade envolver a sua sobrevivência. Um vídeo raro feito na floresta mostra o animal, considerado um alvo fácil, sendo atacado por uma jaguatirica e lutando contra ela.
A luta entre a preguiça e a jaguatirica, que teve mordidas e outros golpes, aconteceu em agosto do ano passado, mas as imagens só foram divulgadas agora. A briga foi registrada por uma armadilha fotográfica montada na Estação de Biodiversidade de Tiputini, no Equador.
De acordo com o estudo publicado na revista Food Webs em junho, a preguiça-real estava em um depósito de sais minerais, também conhecido como “saladero”, onde os animais buscam nutrientes importantes. A visita normalmente acontece no período noturno, para evitar os predadores.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Mas desta vez, ela desceu das árvores durante o dia, arriscando a sua segurança, uma vez que grandes felinos têm o costume de vigiar a região nos períodos de maior claridade. E foi o que aconteceu, embora o resultado final não tenha sido o esperado pela jaguatirica.
Lutando pela vida
Como mostra o vídeo, a preguiça está calmamente lambendo os minerais do saladero quando é atacada por trás pela jaguatirica, que tenta mordê-la no pescoço. Mas a presa reage, ao contrário do que poderia se esperar, se virando e atacando de volta, com movimentos rápidos e eficazes.
Na sequência, o felino tenta morder a presa diversas vezes, em várias partes do corpo, enquanto ela se defende bravamente em todas elas. Em outro trecho da gravação, o bicho-preguiça usa um tronco caído sobre o depósito de minerais para se defender, mantendo o predador longe, se movimentando em uma velocidade considerável.
As imagens surpreendem não apenas por mostrar que a preguiça não é tão lenta quanto se imagina, como também por permitirem visualizar dois animais difíceis de se observar na natureza. Com a gravação, os pesquisadores puderam obter informações importantes sobre a vida na floresta amazônica e as interações entre as espécies.
“Este é um vídeo superinteressante porque é uma das poucas vezes que uma preguiça-de-dois-dedos apareceu em um de nossos vídeos de armadilhas fotográficas e a única vez que uma jaguatirica apareceu”, comemorou o professor de antropologia Anthony Di Fiore, em comunicado. O especialista, da Universidade do Texas (EUA), é um dos autores da pesquisa.
Que fim teve o bicho-preguiça?
Apesar de o vídeo da luta entre a preguiça e a jaguatirica terminar sem mostrar o resultado da briga, é provável que a presa tenha sobrevivido ao ataque. Em busca de pistas sobre o destino dos animais, os especialistas foram até o local dois dias depois do combate.
Como não foram encontrados ossos, pelos nem outros indícios que sugerissem um ataque mortal, os pesquisadores acreditam que a preguiça sobreviveu e seguiu se alimentando dos minerais, mesmo depois do susto.
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