Sempre que falamos no fim da espécie humana, pensamos no futuro, como se nossa espécie e seus ancestrais nunca tivessem lidado com o risco da extinção. Mas isso não é bem verdade.
Recentemente, pesquisadores chineses publicaram uma descoberta importante sobre esse tema na revista científica Science. Há cerca de um milhão de anos, os antepassados do homem moderno viram sua população ser reduzida em 98,7%. Quase levando esses indivíduos à extinção, os cientistas estimam que a população de 100 mil caiu para apenas 1.280 espécimes reprodutoras.
Se a redução tivesse sido maior, impedindo esses indivíduos de se reproduzirem, é possível que nós não estivéssemos aqui, uma vez que esses seres deram origem à nossa espécie. Esse declínio populacional durou aproximadamente 117 mil anos. Ademais, o estudo ainda explicaria o motivo pelo qual existe uma lacuna de fósseis africanos e euro-asiáticos, que seriam importantes para que pudéssemos entender o passado.
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Para traçar os resultados desse estudo, os pesquisadores fizeram uma ampla análise genética com 3.154 voluntários de diferentes etnias pelo mundo. Participaram 10 populações africanas e 40 populações de outros continentes.
A análise contribuiu para a hipótese dessa diminuição significativa no número de antepassados, uma vez que em determinado momento, as análises pararam de divergir e passaram a convergir. Estima-se que 65,85% da variedade genética tenha sido perdida nesse período.
Não é possível cravar quais foram as causas dessa redução populacional. Os cientistas levantam hipóteses sobre isso, com base naquilo que já sabem sobre o passado. No mesmo período em que o número de indivíduos diminuiu, o planeta lidava com grandes mudanças climáticas, mais especificamente com a glaciação, que fez com que as espécies do passado lidassem com temperaturas absurdamente geladas.
Esse clima teve impacto na vegetação e consequentemente na oferta de água e comida. Isso pode ter contribuído para a queda populacional, pois os animais, incluindo nossos antepassados, levaram anos para se adequarem à nova realidade. Os pesquisadores ainda acreditam que essas populações só voltariam a crescer de forma acelerada após o domínio do fogo.
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A queda da variedade genética dos nossos antepassados pode ter contribuído para uma aceleração da evolução da nossa mente.
“A descoberta abre um novo campo na evolução humana porque evoca muitas questões, tais como os locais onde estes indivíduos viveram, como superaram as mudanças climáticas catastróficas e se a seleção natural durante o gargalo acelerou a evolução do cérebro humano”, diz o autor sênior Yi-Hsuan Pan, especialista em genômica evolutiva e funcional da East China Normal University (ECNU), em comunicado à imprensa.
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