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Dia da Consciência Negra: o que é e por que se celebra em 20 de novembro

Data de reflexão e luta da população negra do Brasil, o Dia da Consciência Negra tem suas raízes ligadas ao século 17.

20/11/2023 às 08h05
Por: Informativo Plácido Fonte: National Geographic
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20 de novembro é feriado em 6 estados e, ao menos, 1.260 cidades - FOTO DE FERNANDO FRAZÃO | AGÊNCIA BRASIL
20 de novembro é feriado em 6 estados e, ao menos, 1.260 cidades - FOTO DE FERNANDO FRAZÃO | AGÊNCIA BRASIL

Anualmente, sempre em 20 de novembro, comemora-se o Dia da Consciência Negra e também o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares. Em seis estados do Brasil a primeira data é feriado: são eles Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. 

Ainda assim, em todo o país se fazem celebrações em torno da efeméride e ao longo do mês de novembro, que é considerado o mês da Consciência Negra. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no 2º trimestre de 2022, o Brasil possui uma população negra de 55,8% – ou seja, o equivalente a mais da metade da população. 

Saiba o que é o Dia da Consciência Negra, sua importância e por que a data foi instituída para ser celebrada no dia 20 de novembro de cada ano.

O que é o Dia da Consciência Negra

Segundo a Fundação Cultural Palmares, instituição pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura do país, o Dia da Consciência Negra é  fundamental para “refletir sobre a contribuição da cultura negra em nossa sociedade”, como informa seu site oficial. 

“A Consciência Negra simboliza o entendimento que, sobretudo, as pessoas negras possuem sobre o valor da sua cultura e a importância de se reconhecerem como indivíduos que possuem direitos, como qualquer outro. Dessa forma, a busca pela justiça e igualdade se tornou uma luta mais que necessária para essas pessoas”, completa o órgão institucional.

O Dia da Consciência Negra e todo o mês de novembro marcam a importância de discussões ...

O Dia da Consciência Negra e todo o mês de novembro marcam a importância de discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social no país - FOTO DE FERNANDO | FRAZÃO AGÊNCIA BRASIL

Por que o Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro?

A data conhecida como Dia da Consciência Negra faz parte do calendário escolar desde 2003, quando há 20 anos a Lei Federal 10.639 instituiu o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Mas foi só em 10 de novembro de 2011 que o governo oficializou a data como Dia Nacional de Zumbi e Dia da Consciência Negra pela lei 12.519, como explica o site do Ministério da Cultura do Brasil. A lei, no entanto, não considerou o dia como feriado nacional. 

Desde então, algumas cidades e estados do país têm incorporado a data como feriado e também realizado ações comemorativas em torno da efeméride. Mas por que justo no dia 20 de novembro foi eleito? A data remonta a um fato histórico importante do século 17.

A escolha de 20 de novembro é uma referência à morte de Zumbi dos Palmares (homem negro pernambucano que nasceu livre e foi escravizado aos seis anos de idade), que faleceu nesse dia, no ano de 1695.

Zumbi foi a liderança mais conhecida do chamado Quilombo dos Palmares, que se localizava na Serra da Barriga, no interior de Alagoas, segundo o site do MEC. 

Sua vida de luta pela liberdade do povo negro e sua resistência à opressão e à escravidão fizeram de Zumbi um símbolo para a população negra – e para toda a sociedade brasileira.

Dia da Consciência Negra: 5 livros para entender a questão racial no Brasil

Elaboramos uma lista com obras essenciais para mergulhar no tema por ocasião da data – e que cruzam a questão racial com áreas como psicanálise, história e filosofia.

Estátua de Zumbi dos Palmares, um dos líderes do maior quilombo brasileiro que morreu no dia ...Estátua de Zumbi dos Palmares, um dos líderes do maior quilombo brasileiro que morreu no dia 20 de novembro de 1695 - data que se instituiu o Dia da Consciência Negra - FOTO DE FERNANDO FRAZÃO | AGÊNCIA BRASIL

Em um país no qual cerca de 56% da população se declara negra ou parda, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a questão racial é um tema que permeia todos os segmentos da sociedade. 

O próprio Dia da Consciência Negra, data que se comemora anualmente no país todo dia 20 de novembro, tem como função – por meio de suas celebrações – instigar à reflexão sobre a questão racial e à valorização da cultura negra. 

A efeméride também ajuda a pensar sobre representatividade e faz alusão à história do povo negro, já que este dia também é marcado pela morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos líderes do maior quilombo brasileiro a resistir à escravidão de pessoas vindas de diversas partes da África por parte dos portugueses em território brasileiro. 

Para mostrar como a questão racial no Brasil permeia diversas áreas de estudo – como sociologia, psicanálise, história e filosofia, por exemplo, National Geographic Brasil consultou a pedagoga e educadora Viviana Santiago, especialista em Diversidade e Inclusão, Educação Antirracista e Direitos Humanos, para recomendar 5 livros essenciais acerca da temática racial. 

Trata-se também de uma excelente oportunidade para conhecer mais pensadores e estudiosos negros, já que todos os livros são de autores brasileiros. 

Os 5 livros de autores brasileiros para entender a questão racial no país

1) “Sociologia do negro brasileiro”, de Clóvis Moura

Ainda que tenha sido publicado pela primeira vez em 1988, a obra não perde a sua atualidade ao questionar o papel da pessoa negra na sociedade brasileira e de como ele é visto. O escritor e historiador, Clóvis de Moura é um expert no assunto e tem diversos outros livros relacionados ao tema. Na opinião de Viviana Santiago: “Esse livro é um clássico. Traz um importante relato da contribuição da população negra para a constituição do Brasil”.

2) “Dispositivo de Racialidade: A Construção do Outro Como Não Ser Como Fundamento do Ser”, de Sueli Carneiro

Para a especialista em educação antirracial, Sueli Carneiro é “uma das mais importantes intelectuais da atualidade”. “Neste livro a filósofa e ativista apresenta a dinâmica do racismo e o necessário enfrentamento coletivo, também lança um dos mais importantes conceitos da atualidade: o epistemicídio”, diz Viviana.

3) “Tornar-se Negro”, de Neusa Santos

De acordo com Viviana Santiago, nesta obra a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos constrói um “livro incontornável”. “É fundamental para quem deseja compreender os efeitos psíquicos do racismo entendendo-o como violência também psicológica”, explica. Publicado originalmente em 1983, é uma das primeiras obras a relacionar a questão racial com a psicanálise, duas áreas que ainda podem se aproximar muito mais – principalmente no Brasil. 

4) “O Pacto da Branquitude”, de Cida Bento

“Neste livro, a psicóloga analisa o comportamento de profissionais brancos em processos de recrutamento e seleção, e constrói um livro fundamental para quem deseja compreender a maneira como o racismo é operado no mercado de trabalho, produzindo a exclusão da população negra”, explica Viviana Santiago. Vale ressaltar que Cida Bento é Doutora em psicologia e já foi eleita uma das 50 pessoas mais influentes do mundo na área da Diversidade. 

5) “Por um feminismo afro-latino-americano”, de Lélia Gonzalez

A pensadora Lélia Gonzalez é uma das mais importantes do país e não poderia ficar de fora de qualquer lista de recomendações escritas sobre o tema, como reforça Viviana Santiago. “Ela é uma das mais importantes referências para a luta antirracista no Brasil. Filósofa e antropóloga, Lélia traçou a inescapável relação entre gênero e raça operada pelo racismo a brasileira”, diz a educadora. “Neste livro, que condensa quase duas décadas de registros, temos a oportunidade de conhecer a complexidade de seu pensamento”, finaliza Viviana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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