A paralisia do sono é uma condição temporária que ocorre com as pessoas ao despertarem ou antes de pegarem no sono. Quem experimenta esse quadro sente que está acordado, mas não consegue se mover. Muitas vezes, esse momento é marcado por alucinações, como o avistamento de vultos, a ouvida de vozes e o sentimento de ser observado ou de tentar gritar, mas não conseguir.
Atualmente, sabe-se que entre 8% e 20% da população sofre de episódios como esse durante a vida e a ciência já conhece a explicação: a paralisia ocorre no momento em que a pessoa está passando pelo sono REM — a fase do sono com maior intensidade de trabalho cerebral, quando se formam os sonhos e quando os olhos se movem, mas o corpo está em total estado de relaxamento. Esta fase é fundamental para a memória e a cognição.
A paralisia do sono ocorre quando o mecanismo de ativação do cérebro é ligado, mas a ativação dos músculos não acontece. Assim, a pessoa acorda e consegue enxergar o ambiente, mas não consegue se mexer. Muitas vezes, as imagens dos sonhos continuam ocorrendo e se misturam com a realidade. A condição dura alguns minutos até o despertar completo.
Mesmo com a explicação científica para a condição e modos de evitá-la, muita gente ainda recorre a explicações míticas ou significados religiosos para justificar os episódios. A situação era muito pior antigamente, onde até os médicos recorriam a demônios, bruxas e elfos para fundamentar seus diagnósticos.
Conheça 5 criaturas que seriam responsáveis pela paralisia do sono em diferentes culturas.
Mære pode ter dado origem as lendas sobre o demônio Incubus, representado no quadro de Vincenz Georg Kininger. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Mare é um termo que tem origem no idioma protoindo-europeu, uma língua antecessora à de vários povos ancestrais de diversas regiões da Europa, como germânicos e eslavos, e parece se referir a um demônio, geralmente representado por uma figura feminina, que se sentaria no peito de quem estivesse dormindo causando sufocamento e pesadelos. O termo chegou ao idioma inglês antigo como mære e deu origem à palavra nightmare, que significa "pesadelo". Também foi origem da palavra em francês e holandês, cauchemar e nachtmerrie, respectivamente.
Na tradição germânica a paralisia do sono era causada por bruxas. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Durante boa parte da Idade Média, culpar as bruxas era um hábito comum para qualquer mal inexplicado que ocorresse. Na região que seria a Alemanha não foi diferente — na tradição germânica, a Hexedrücken era uma bruxa a quem era atribuída a culpa pela paralisia do sono. Ela também pressionava o peito de quem dormia e fazia encantamentos para garantir os pesadelos.
Pesanta pode assumir a forma de cachorro ou gato. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Pesanta é um demônio do folclore catalão que toma a forma de um cachorro ou de um gato e que deita no peito de desavisados, atribulando o sono e causando a paralisia. A Pesanta teria patas de aço e pelo preto, habitaria ruínas e igrejas, e poderia atravessar paredes.
Mokthi atacaria exclusivamente mulheres. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Mokthi é uma figura do folclore albanês, um espírito que se apresenta na figura de um homem com um chapéu dourado. Ele apareceria para mulheres cansadas ou em sofrimento e as impediria de se mover. Diz-se, porém, que se a mulher conseguir pegar seu chapéu, poderia fazer um pedido.
Gênio retratado na literatura Persa. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Karabasan, na Turquia, é o nome da figura mitológica que causa a paralisia do sono. Ele é o equivalente a um jinn, ou gênio, da mitologia árabe, uma entidade sobrenatural que habita um lugar intermediário entre o mundo divino e o humano. Nas lendas, o Karabasan se aproximaria das vítimas a noite e as sufocaria — e para se livrar dele seria preciso rezar para Alá.
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