Por muito tempo, o interior da Terra permaneceu sendo um grande mistério. E isso pode ser justificado por motivos que se relacionam, a exemplo da dificuldade de perfurar grandes profundidades, somada à elevação da temperatura enquanto se avança para o centro do globo.
Apesar de ainda ser impossível explorar essas áreas, já temos uma melhor noção de parte das dinâmicas que ocorrem em seu interior, o que nos auxilia na compreensão de diversos fenômenos, como os terremotos e maremotos.
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Como amostra disso, hoje já sabemos quais são as diferentes camadas presentes no interior do planeta: começando pela litosfera, que é uma faixa externa rochosa e fina, que varia de 70 a 150 quilômetros de profundidade, e geralmente é mais espessa nas porções continentais.
Na astenosfera temos uma fina camada do manto que, por sua vez, interage com o manto inferior, ainda mais quente. Este se estende por cerca de 400 quilômetros rumo ao centro do planeta. E mais ao fundo, temos o núcleo externo, composto por ferro e níquel em estado líquido, e está entre 2900 e 5150 quilômetros de profundidade.
Em seguida, há o núcleo interno, com composição similar à da parte externa, mas com materiais em estado sólido, dada a maior pressão. Essa região atinge a profundidade máxima de 6400 quilômetros. Vale lembrar que é essa camada que atua na formação do campo magnético do planeta.
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Mas as descobertas não pararam nisso, já que nas últimas décadas ainda foi descoberta a existência de outra camada mais fina, localizada entre o manto e o núcleo externo. E recentemente, uma equipe de pesquisadores internacionais deu um passo adiante ao fornecer novas explicações sobre ela.
A equipe revelou que a água presente na superfície terrestre está avançando rumo às camadas mais profundas do planeta, o que significa interagir com o núcleo externo. Isso seria, portanto, o que resultaria na formação dessa camada fina entre o núcleo e o manto, semelhante a uma película. A pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience no último dia 13.
Pesquisadores acreditam que esse processo tem ocorrido ao longo de bilhões de anos, de modo que a água seja conduzida de forma contínua, embora lenta, sendo particularmente beneficiada pelos movimentos produzidos pelas placas tectônicas.
Pesquisadores acreditam que a movimentação das placas tectônicas favorece a passagem de água para as camadas mais profundas da Terra. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Ao se aproximar do núcleo externo, por sua vez, a água provocaria alterações no material presente. Para averiguar melhor de que forma isso se daria, os pesquisadores conduziram um experimento para testar como a água, sob alta pressão, reagiria com os materiais do núcleo.
Eles perceberam que essa interação possibilitava a formação de uma camada bastante rica em hidrogênio e pobre em silício. A partir disso, a equipe sugere que outra reação ainda responderia pela formação de cristais nessa zona. Dan Shim, cientista e um dos autores do estudo, comentou essa descoberta:
“Durante anos, acreditou-se que a troca de material entre o núcleo e o manto da Terra era pequena. No entanto, as nossas recentes experiências com alta pressão revelam uma história diferente. Descobrimos que quando a água atinge o limite entre o núcleo e o manto, ela reage com o silício no núcleo, formando sílica."
Shim ainda destaca: "Esta descoberta, junto com nossa observação anterior de diamantes se formando a partir da reação da água com o carbono no ferro líquido sob extrema pressão, aponta para uma interação entre o núcleo e o manto muito mais dinâmica, sugerindo uma troca material substancial.”
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