Desde obras consagradas como O senhor das moscas até produções contemporâneas como Depois daquela montanha, histórias de sobrevivência após acidentes aéreos têm fascinado o público. Entretanto, a realidade muitas vezes supera a ficção, como o acidente do voo 571 da Força Aérea Uruguaia, que inspirou o filme A sociedade da neve, da Netflix.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Em 12 de outubro de 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia partiu de Montevidéu com 45 pessoas a bordo, entre membros do time amador de rugby Old Christians Club, seus amigos e familiares. O destino do voo era Santiago, no Chile, onde o time participaria de uma partida de exibição. No entanto, as condições meteorológicas ao longo do trajeto tornaram-se desafiadoras, obrigando o avião a pousar em Mendoza, na Argentina, para pernoitar devido ao mau tempo.
No dia seguinte, em 13 de outubro, o avião decolou novamente com a intenção de contornar a Cordilheira dos Andes por uma passagem montanhosa mais baixa. Com cerca de uma hora de voo, o piloto, enfrentando dificuldades de navegação, começou a descer antes de conseguir ultrapassar a montanha. Essa manobra levou a uma colisão dramática com os picos montanhosos, resultando na perda das asas e da cauda da aeronave.
A extremidade dianteira do avião deslizou pela encosta antes de finalmente parar em um vale remoto, a uma altitude perigosa de aproximadamente 3.500 metros. O impacto da colisão foi devastador, resultando na morte imediata de alguns ocupantes e deixando outros gravemente feridos.
Restos do voo 571. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
O local isolado, a altitude extrema e as condições meteorológicas rigorosas colocaram os sobreviventes em uma situação desesperadora, marcando o início de uma luta incrível pela sobrevivência. Racionando meticulosamente o pouco que tinham à disposição, os sobreviventes buscavam suportar as adversidades diárias.
Conforme as semanas se desenrolavam e a esperança de resgate se dissipava, os sobreviventes enfrentavam uma cruel realidade: a iminente ameaça da fome. Diante da escassez extrema de alimentos, os sobreviventes começaram a ponderar medidas desesperadas para evitar a inanição. Em um ato angustiante, eles decidiram utilizar os corpos dos falecidos para suprir a falta crítica de comida.
Roberto Canessa, Fernando Parrado e Sérgio Catalán. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Após quase dois meses isolados nas montanhas geladas, dois dos sobreviventes, Roberto Canessa e Fernando Parrado iniciaram uma jornada a pé em busca de ajuda. Eles caminharam por cerca de 10 dias através das montanhas antes de encontrar um homem com um cavalo em uma região habitada. Esse homem, Sérgio Catalán, conseguiu alertar as autoridades sobre a presença dos sobreviventes, dando início às operações de resgate.
Helicópteros foram enviados para o local remoto para evacuar os sobreviventes. Com a operação de resgate, que ocorreu nos dias 22 e 23 de dezembro de 1972, finalmente todos os sobreviventes foram resgatados, após 72 dias do acidente. Das 45 pessoas presentes no voo, apenas 16 conseguiram sobreviver ao acidente e ao ambiente inóspito dos Andes.
A sociedade da neve não é apenas um filme, mas uma poderosa narrativa que destaca a capacidade humana de superar desafios inimagináveis. Baseado em eventos reais, trata-se de uma história de coragem, solidariedade e perseverança. Ao compartilhar essa experiência única, o filme não apenas honra os sobreviventes, mas também oferece uma mensagem inspiradora sobre a resiliência do espírito humano diante da adversidade.
Mín. 22° Máx. 31°