A Avenida Paulista, em São Paulo, tornou-se um ponto central para uma prática incomum: a venda de íris. O movimento tem atraído diversas pessoas em busca de uma renda extra, mas também levantado alertas sobre os possíveis riscos de tal comércio.
Especialistas estão preocupados com a falta de informação sobre como esses dados biométricos serão utilizados. A maioria dos participantes desconhece o propósito do escaneamento e as implicações futuras de compartilhar a sua íris.
A empresa Tools for Humanity, envolvida no processo de escaneamento, está sob investigação pelas autoridades brasileiras. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já iniciou ações de fiscalização para avaliar a segurança dessa prática.
O procedimento aparenta ser simples e rápido: mediante agendamento, as pessoas passam pela análise de suas íris em troca de um pagamento que varia entre R$ 400 e R$ 450.
A identificação pela íris é altamente precisa, mais que a digital, e é capaz de expor a identidade humana contra a de um robô. Tal característica a torna atrativa para empresas de tecnologia, como a Tools for Humanity, que trabalha com inteligência artificial (IA).
Ainda não está claro o que pode ser feito com esses dados, mas especialistas, como Karen Borges, gerente Adjunta da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, alertam para os riscos de uso indevido.
A íris pode abrir portas para abusos e crimes, uma vez que se trata de um identificador único e duradouro. Por isso, antes de vender a íris, é importante considerar as implicações disso; veja algumas recomendações de segurança em relação a esse comércio:
Pense nos riscos de compartilhar os próprios dados biométricos, algo único do seu corpo;
Informe-se sobre a empresa e as práticas de segurança dela;
Acompanhe as investigações e recomendações de órgãos reguladores, antes de vender suas íris.
Enquanto as investigações prosseguem, a venda da íris na Avenida Paulista segue em uma área cinzenta, o que instiga o debate sobre a ética e a segurança na utilização de dados biométricos no Brasil.