Sábado, 07 de Setembro de 2024
22°C 42°C
Plácido de Castro, AC
Publicidade

Vozes do Norte: Uma História de Esperança e Solidariedade no Dia dos Pais

Tem Geladinho para Todo Gosto

12/08/2023 às 23h28 Atualizada em 14/08/2023 às 06h18
Por: Paulo Roberto
Compartilhe:
Vozes do Norte: Uma História de Esperança e Solidariedade no Dia dos Pais

Ah, amigo, deixa eu te contar uma história que vem lá das bandas dos seringais de Plácido de Castro e Bolívia, essa terrinha do norte do nosso Brasil. Vai fazer sete anos em setembro de 2023 que o Francisco Fernandes dos Santos colocou os pés por aqui. Com seus 59 anos, filho do Paulo Ferreira dos Santos e da Maria Nazaré Ferreira dos Santos, ele carrega consigo uma vida de batalhas e persistência.

Olha só, lá nos idos de mais de uma década atrás, o Francisco mandou embora o peso das diárias e empreitadas perversas, esses que não batiam com a sua magreza, como cerca de arame, carregamento de barro para os quintais, escavação de poços, capina e derrubadas. Com ajuda da família e dos amigos, levantou-se até uma casinha lá em Rio Branco-AC, mas com bons conselhos de gente amiga, ele jogou a toalha nos afazeres pesados em Senador e foi cuidar do imóvel antes que pessoas adentrassem sem pedir licença.

Lá no tempo de menino, ele se metia nas quiçaças e malvas pelos campos e até nas matas bravias. A vida do Francisco quase toda se passou na Bolívia, e lá em Campinas, na BR 364, estava só começando a riscar seus caminhos. Com uns míseros 11 anos de vida, o Francisco já estava botando a mão na massa, trabalhando com o pai até virar um rapazote de 18 anos.

E não faltam histórias de seringal para contar. Ele morou lá na Santa Rosa, Bolívia, margem do rio Abunã. De lá do seringal, eles foram parar no Cafezal do seu Chico Teobaldo. E lá os nomes dos lugares eram coisa de bicho: Cabeça do Tigre, Bucho do Tigre, Rabo do Tigre, uma festa de risadas, não acha? Cortaram seringa no Bucho, na Cabeça e no Rabo do Tigre, até irem parar no Centrinho e lá na Catingoso.

O Francisco tem a segunda família e sete filhos pra contar. O mais velho, o Antonio, tem 38 e mora em Plácido de Castro, cuidando do caçula. Esse pai sente um orgulho danado dos filhos, sendo que o mais velho é pedreiro e se vira na profissão.

Hoje, ele mora numa casinha num terreno pequenininho na Rua Olimpio da Silva Gomes, lá no Conjunto Mutirão II, quase chegando no parque ecológico. Teve um terreninho lá no Amapá, em Rio Branco, mas trocou por esse aqui. E agora, com seus 59 anos nas costas, quer vender a casa pra encontrar um pedaço de terra e meter as mãos na roça de novo.

E pra falar a verdade, serviço pesado desse tipo já não é pra ele. Mas ainda sonha em plantar um feijãozinho, uma macaxeira, num passo mais tranquilo. A enxada já pesa demais pras costas, mas ele não joga a toalha, não. E quanto aos filhos, tem uns problemas de saúde por lá. O caçula, o Gabriel, veio ao mundo com só cinco meses e precisa de atenção especial. Tem mais quatro na escola, e a patroa Deuzilene ajuda no que pode. 

Mas olha só, nunca teve festa de Dia dos Pais, nem festa de aniversário, nem Natal, nem Réveillon, nem nada, sabe? Pra eles, a ceia é feita de amor temperado com dignidade, uma jornada onde o que vale é o espírito e a fé. Mas a esperança de vender a casa e melhorar de vida nunca vai embora, e eles sonham com um teto maior e mais confortável.

O Francisco é o rei dos picolés, bate no peito com orgulho. Ele circula por Plácido de Castro e pela Bolívia, vendendo os geladinhos dele. Tem picolé, moreninha, garrafinha e sorvete no copo. Ele sonha em vender tudinho e levar pra casa montante igual ao apurado no dia, R$ 110,00, mas acaba ficando com a porcentagem correspondente a R$ 44,00. E olha só, esse dinheiro mal dá pra comprar uma latinha de leite pro Gabriel. Tem dias difíceis, mas o Francisco não se deixa abalar.

E em meio a tudo isso, o Francisco manda um recado especial pro Dia dos Pais. Ele deseja felicidade pros outros pais por aí, agradece pela vida e pela saúde. E pede, de pai pra Pai, que Deus olhe pelo pequeno Gabriel, porque a vida, ela tem seu próprio jeito, um propósito.

Olha só, meu amigo, o Francisco pode até parecer simples, mas tem sabedoria de sobra. Ele fala das voltas que a vida dá, de como os filhos crescem e a gente fica lá, pensativo. Ele lembra de uma conversa com o pai dele, quando era moleque, sobre imaginação. E lá na frente, com o coração cheio de esperança, ele deseja vender o lugar, plantar o feijão e a macaxeira, e melhorar as coisas.

E assim, com uma frase de uma menininha que cruzou o caminho deles, com o desejo de alçar voos altos, é assim que termino essa história real do Francisco Fernandes dos Santos, o vendedor de picolés, um homem do nosso Acre, cheio de momentos especiais e coragem. Feliz Dia dos Pais, pros homens que lutam, sonham e cuidam de suas famílias!

E que essa mensagem não se restrinja apenas às histórias inspiradoras do Francisco, mas que toque o coração de toda a comunidade, daqueles que podem celebrar o Dia dos Pais ao lado dos seus entes queridos. Que essa mensagem alcance aqueles que têm o poder de fazer a diferença na vida de famílias como a dele, mesmo que seja com um gesto singelo, um sorriso solidário.

Porque o Francisco, com toda a sua força e esperança, nos lembra da importância da união, da batalha e da superação. Ele nos mostra que, apesar dos obstáculos, o amor é o tempero que dá sabor à vida, que a dignidade não se mede pelo que se tem, mas sim pela essência do que somos e pelo que fazemos pelos outros.

O Francisco diz o seguinte:

- Eu sou desafinado, não sei lhe responder essas coisas de mensagem. Mas como eu tive um pai sofredor quando perdeu minha mãe, eu relato e desejo felicidade para todos os pais, principalmente na criação e educação de seus filhos; agradecer pela vida e pela saúde.

- Eu peço a Deus, como pai, que restabeleça a saúde do meu pequeno Gabriel, já que pelo mesmo poder do Pai Celestial ele tem sobrevivido; minha esposa deu à luz quando grávida de cinco meses, então eu compreendo que Deus tem um propósito para cada um de nós. Os outros meus filhos com a idade de seis meses eram uns macetas de meninos, mas ele não é de nove meses, é de cinco.

- O pai é assim: Tem o filho e suas dúvidas. Será homem ou mulher? Em sendo homem: tá novinho assim, mas daqui a pouco ele se arrasta. Quando começa a se arrastar: Tomara que meu filho comece a andar. Mas meu filho precisa falar, e o filho fala. E vai crescendo: Tomara que já cresça! Aí vai tocando, e quando dá fé o cara tá lá em cima. Dá um trabalho criar um filho...

                   - Quando meu pai ficava de cabeça baixa eu me aproximava dele, e dizia: Papai, o que o senhor tem?

                   - Filho, eu tô imaginando.

                   - O que é imaginando, pai?

                   - Quando você não tiver mais esses dez anos e arrumar uma família você saberá o que é imaginar.

                   - E é mesmo.

Então, que essa mensagem seja como um abraço apertado da comunidade, como um gesto de apoio dos que têm a possibilidade de estender a mão.

Que toque os corações sensíveis, os incentivando a compartilhar um pouco do que têm com aqueles que enfrentam desafios como o Francisco e sua família. Que essa mensagem seja a centelha que inspire a solidariedade e a empatia, que nos lembre da importância de estender a mão ao próximo.

Pois o Francisco, com toda a sua jornada de vida, nos mostra que a verdadeira riqueza está na resiliência, na vontade de superar as adversidades e no amor incondicional pela família. Que esse Dia dos Pais não seja apenas uma data festiva, mas sim uma oportunidade para refletirmos sobre a importância de apoiar uns aos outros, de compartilhar um pouco de esperança e conforto com quem precisa.

Assim, que essa mensagem possa ecoar não apenas nas palavras, mas também nas ações de cada um que a ler. Que possamos todos, de alguma forma, contribuir para tornar a vida do Francisco e de tantos outros como ele um pouco mais leve e digna. E que a história do Francisco nos inspire a sermos melhores, a cultivarmos a compaixão e a solidariedade em nossos corações.

Feliz Dia dos Pais para todos, e que a mensagem do Francisco nos faça pensar que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o amor e a perseverança podem iluminar nosso caminho.

Ligue (68) 99248-8833, confira a veracidade, abrace esse pai amigo, ouça sua história. 

Paulo Roberto de A. Pereira

Pai; servidor público; ex-vendedor de geladinhos 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Gente de Direito
Sobre o blog/coluna
Fatos jurídicos, temas atualizados da seara familiar.
Conhecendo o nosso lugar e a nossa gente, sobretudo sua história
Ver notícias
Plácido de Castro, AC
35°
Tempo limpo

Mín. 22° Máx. 42°

33° Sensação
1.24km/h Vento
17% Umidade
0% (0mm) Chance de chuva
07h27 Nascer do sol
07h25 Pôr do sol
Dom 42° 22°
Seg 45° 24°
Ter 46° 25°
Qua 45° 25°
Qui 44° 27°
Atualizado às 17h05
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,60 +0,00%
Euro
R$ 6,20 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,01 +0,80%
Bitcoin
R$ 321,182,71 +1,63%
Ibovespa
134,572,45 pts -1.41%
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias